As recentes notícias sobre o andamento da CPI da Braskem mostram e demonstram que o senador Renan Calheiros tem sido um personagem fundamental da apuração feita pelos senadores.
O entorno dele se vangloria dessa condição do emedebista.
Depois daquela breve bate-boca com o senador Aziz, em que Calheiros recuou até a parede, ele passou a agir como sabe na seara em que é um mestre: os bastidores.
Digo: Calheiros não está errado (ou alguém duvidava de que seria diferente?).
Errados, aí sim, estarão o senador Aziz e seus colegas se pararem por aí, não aprofundando outras questões fundamentais, como as que o próprio presidente da CPI levantou.
Destaco: quais foram os cúmplices da Braskem para que ela pudesse tudo por aqui, destruindo vidas e sossego de dezenas de milhares de alagoanos?
Repetindo Aziz: a Braskem não chegou a essa tragédia sozinha.
Temos de reconhecer que temas importantes já foram levantados pela comissão. Por exemplo: o sempre discutível valor do Hospital da Cidade, que os senadores consideram superfaturado (o procurador de Maceió ficou desse “tamanhinho” na CPI).
Vamos lá, seguindo o mesmo ponto de vista que eu sempre defendi: se houve propina, teve a mão que pagou e a mão que recebeu. Este é um crime, quando há, de mão dupla – e que é sempre possível em um negócio dessa monta.
Então, imagino, seria o caso de ouvir aqui em Maceió, em 8 de maio, quando virá a CPI, os médicos que venderam o hospital à prefeitura.
Eles são profissionais conhecidos, principalmente pelo braço direito do senador na Assembleia Legislativa: o deputado José Wanderley.
É uma ótima oportunidade para esclarecer uma história que o prefeito JHC nunca se deu ao trabalho iluminar com “a luz do sol” - reunindo entidades representativas de profissionais da engenharia, corretores de imóveis, empresários da saúde ou quem pudesse levantar todas as dúvidas já conhecidas sobre o tema.
Mas que não se pare por aqui: a CPI precisa ouvir as autoridades e ex-autoridades que ainda estão vivas – e algumas muito vivas – e que ajudaram a Braskem a navegar sem procelas.
Por exemplo: o ex-presidente da Salgema, Renan Calheiros (pai) e os governadores que colocaram tapete vermelho para a mineradora por aqui.
E mais: buscar a relação de políticos financiados pela empresa em suas campanhas eleitorais, deixando claro – e eu acredito verdadeiramente – que a CPI não tem lado.
Ou melhor: está do lado da população.