Os movimentos ligados à reforma agrária comemoram nesta terça-feira (16) a saída de Wilson Cesar de Lira Santos, primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), do comando da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Alagoas. 

Exonerado na manhã de hoje, a saída ocorre uma semana após Lira ter tido embate com o Ministro das Relações Internacionais, Alexandre Padilha. Na ocasião, o líder do PP o chamou de “desafeto pessoal” e “incompetente”.

A exoneração de César Lira, bolsonarista, que era uma indicação do presidente da Câmara, já era um desejo  dos movimentos ligados à terra. Quando Paulão se reuniu com Paulo Dantas e o próprio presidente Lula, esse tinha sido um dos pedidos. 

O pedido dos movimentos é que assuma em seu lugar José Ubiratan Resende Santana, servidor de carreira, que se concretizou após nomeação publicada no Diário Oficial da União de hoje, para exercer o cargo de Substituto do Superintendente Regional de forma temporária. 

Movimentos comemoram 

Nesta terça-feira, o Movimento Sem Terra (MST), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e a Comissão Pastoral da Terra em Alagoas, realizam uma caminhada iniciada às 9h no Centro de Maceió em direção ao ato a ser realizado às 10h em frente ao Incra Alagoas. No prédio, os manifestantes irão lavar a fachada com ervas e sal grosso. 

O coordenador da CPT, Carlos Lima, comemora a saída do ex-superintendente. “Bom, para nós, o governo Lula, na área da reforma agrária, começa hoje, no dia 16 de abril, quando exonera o superintendente que serviu a Michel Temer e a Jair Bolsonaro. Era inadmissível a permanência dele, durou muito essa permanência".

“Lavar o Incra é uma forma de dizer ao novo superintendente, que nós estamos entregando um Incra livre das mazelas, da truculência. Então, é nesse sentido, é uma ação simbólica, popular. Então, a gente está fazendo isso nesse sentido e que avance a reforma agrária”, acrescenta Lima. 

“Na verdade, essa notícia da exoneração do César é uma vitória árdua dos movimentos sociais de luta pela terra em Alagoas que, desde o início do governo Lula, desse mandato atual, que vem reivindicando a saída desse rapaz aí, porque, na verdade, ele nunca representou as demandas nem tão pouco a dívida que o próprio Incra tem com os agricultores e com a reforma agrária aqui no Estado”, diz o coordenador nacional do MLST, Josival Oliveira. 

Primo de Lira teria sido acusado de desvio de dinheiro 

O agora ex-superintendente do Incra em Alagoas, César Lira, responde na justiça a uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF). Ele é acusado de ter desviado diárias de viagens que não foram realizadas, pagas pelo governo a funcionários terceirizados, em 2023. 

Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema de corrupção no qual um superintendente da instituição pressionou para demitir oito funcionários da empresa Mega Service e contratar em seu lugar indicados seus. O objetivo era desviar diárias pagas pelo governo federal, conforme apurado pela PF.

Os funcionários eram pagos para viagens fictícias, enquanto na realidade estavam em outros lugares. Um e-mail no inquérito cita o caso de Cristiano Dorta, que recebia diárias para ir a Branquinha e Japaratinga, mas postava fotos em Boa Viagem e Maceió. Dorta ganhava em média R$ 2.900 extras por mês em diárias, consumindo álcool em horário de trabalho.