O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), disse, nesta quinta-feira (11), que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,é um “desafeto pessoal” e “incompetente”. A declaração foi dada durante uma entrevista à impressa na cidade de Londrina, no Paraná.

Lira foi questionado sobre notícias de que ele teria se enfraquecido com a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão. nessa quarta-feira (10,) pelo plenário da Casa. Brazão é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018. 

"Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, um incompetente. Não existe partidarização [na análise da prisão de Brazão]. Eu deixei bem claro que ontem [quarta-feira] a votação foi de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver [com influência]", afirmou Lira.

 Lira disse que as acusações de Padilha são infundadas e não afetam sua liderança na Câmara. "É lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem plantando essas mentiras, notícias falsas, que incomodam o Parlamento. E, depois, quando o Parlamento reage, acham ruim", declarou o presidente da Câmara.

Lira disse também que a análise da prisão de Chiquinho Brazão não influencia em outras votações na Casa e na eleição do seu sucessor na Câmara dos Deputados.

Questionado sobre se a disputa pela presidência da Câmara já está em curso, Lira afirmou que "da parte" dele não. Pela legislação, ele não poderá tentar a reeleição para a principal cadeira da Casa.

"Eu não posso impedir [a mobilização de deputados]. Candidatura é livre de qualquer um que tenha mandato. Qualquer um dos 512 – porque eu não posso – pode disputar. Mas quem quiser a minha ajuda, quem achar que eu tenho minimamente condições de ajudar vai esperar para agosto e setembro", declarou.

A votação na Câmara para manter Chiquinho Brazão preso foi apertada, com 277 votos a favor e 129 contra, além de 28 abstenções. Eram necessários 257 votos para aprovar o parecer do relator, Darci de Matos (PSD-SC), que havia recomendado a manutenção da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Integrantes de partidos como União Brasil, PL, Republicanos e PP tentaram esvaziar a sessão para evitar a manutenção da prisão. O embate entre o Judiciário e apoiadores de Bolsonaro também influenciou os debates.

 Antes de chegar ao plenário, o caso de Brazão foi discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com 39 votos a favor da prisão e 25 pela soltura. O deputado também teve um processo de cassação aberto pela Comissão de Ética da Casa. A pressão por uma PEC para blindar parlamentares de investigações policiais também foi tema de discussão durante o processo.