A estreia do show 'Brasileiríssimo', de Matheus Fonttes, completou uma semana nessa quarta-feira (27). Um performance memorável, com casa cheia, público participativo e entusiasmado, envolvido na atmosfera abrasileirada e quente do Gira Mundo.
As ruas do bairro histórico de Jaraguá ecoaram junto com a voz de Matheus e banda um canto que mesclou passado, presente e futuro, sob a maestria do próprio protagonista que pôs sua marca em composições e hits brasileiros.
E nada mais justo que um TBT (Throwback Thursday) para lembrar deste momento, com uma crítica um tanto poética da jornalista Gal Monteiro escrita especialmente sobre o show.
Leia abaixo o texto na íntegra.
Matheus Fonttes: fluente em todos os tons
Agora é oficial: Matheus Fonttes estreou como cantor. Que noite iluminada!
Por Gal Monteiro
Ele faz parecer fácil abrir o bocão e dar à luz um dilúvio de boas novas, em todos os tons.
O menino com cara de querubim surge, levemente nervoso, incrédulo da própria façanha e, no segundo momento, faz a plateia - heterogênea em todos os sentidos - se render, absolutamente apaixonada e submissa: a humilde e alegre submissão do reconhecimento de que ali, diante dos olhos ansiosos, o universo está parindo uma estrela de muitas grandezas.
Nunca me enganei sobre isso, mas ainda me surpreendo quando ouço uma voz brotando feito semente depositada com todos os requintes das leis da botânica. Nasce de um útero inexistente, mas mimetizado pela capacidade que o artista tem - este, em especial - de se metamorfosear em gêneros, sentidos e direções.
Matheus é, sobretudo e naturalmente, generoso e, quando divide o palco com talentos do naipe de John e Lavy Menezes, não partilha apenas o espaço do palco: abre o coração em bandas e permite acontecer uma simbiose perfeita, parece se dividir a si mesmo entre o artista e o fã do convidado.
E, em que pese alguns desajustes no som - por vezes o volume da super banda competiu com a voz do cantor - nada poderia desmerecer a revolução dessa noite de estreia.
Ainda não lhe caíram todas as fichas sobre suas possibilidades. Incluindo a sensualidade andrógena e ampla, ainda mais sexy por não se saber sensual.
A interpretação singular de alguns clássicos deu cara própria às canções. Deu cara à tapa.
E assim é a vida de quem não tem medo de encarar o medo de ter medo. Resulta em ousadia e amplia as possibilidades que estão espalhadas pelo Cosmos, às vezes invisíveis. Matheus já deixou sua impressão digital e deixou claro que está disposto a aprender e conquistar territórios e corações. Tudo certo. A gente se encontra depois, no grande palco alagoano mais legítimo para todas as artes: o Teatro Deodoro!
