O silêncio ensurdecedor da mineradora Braskem enquanto mais uma “tragédia anunciada”, provocada pela retirada de sal-gema, se abate sobre os moradores de Maceió causa não só desgosto para aqueles que esperam por respostas, mas revela indiferença com as centenas de famílias atingidas.
Desde a última quarta-feira, 29, a iminência de colapso da mina 18, situada no bairro do Mutange mobilizou equipes da Defesa Civil Municipal, Estadual e Nacional além de especialistas para tentar “entender e mensurar” o tamanho do estrago que o colapso da mina pode provocar.
Braskem e a COP 28
Alheia ao cenário tenso que se abate em Maceió, a Braskem, esta na 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas – COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, integrando o Pavilhão Brasil, a convite do Governo Federal.
Para debater estratégias para conter o aquecimento global, além da Braskem, empresa responsável pelo maior desastre ambiental em andamento no mundo, no Pavilhão Brasil estão também a Vale, a Syngenta e a Petrobras.
Longe do cenário de Dubai, em Maceió, dezenas de famílias foram retiradas sob a força policial por decisão judicial, estabelecimentos e vias foram fechados e novas localidades entraram no mapa de risco.
Governo Federal e a (in)sustentabilidade da Braskem
Diante do caos, o presidente Lula enviou o ministro dos Transportes Renan Filho e representantes do governo federal acompanhar as ações realizadas na capital e agendou uma reunião com o governador Paulo Dantas, para a próxima semana, em Brasília.
Enquanto isso, a Braskem mostra seus painéis sustentáveis em Dubai e a população vive mais dias de medo, deixando para trás suas casas, histórias e memórias.
À espera do colapso
Na manhã desta sexta-feira, 01, a Defesa Civil de Alagoas informou que estima que o tamanho da cratera após o desabamento será de até 300 metros de diâmetro, que caberia o estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
A previsão era que o solo se abrisse no começo da manhã de hoje, o que não ocorreu, mas isso é questão de tempo, segundo técnicos.
Nas últimas 48 horas foi registrado um afundamento de 1 metro e 6 centímetros do solo. Antes, esse afundamento era de 50 cm por dia.
O aumento de 3 cm para cada 24 horas foi considerado uma aceleração da movimentação.
Não existe tecnologia para mitigar a situação
O coordenador da Defesa Civil de Alagoas, o coronel Moisés Melo, disse que o colapso da mina da Braskem em Maceió não pode ser evitado. Segundo ele, não existem recursos para minimizar o problema.
“Não existe tecnologia para mitigar a situação de Maceió. A mina vai eclodir a qualquer momento”, afirmou o oficial. Ele ressalta que as ações de prevenção deveriam ter sido feitas no passado.