Por uma educação antirracista

21/11/2023 10:38 - Avança+
Por Rafael Brito
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A escola é, antes de tudo, resistência. A desigualdade étnico-racial no Brasil é uma realidade que não se questiona e tem sua origem ainda no período colonial. O racismo, portanto, tem caráter estrutural e sistêmico. Para combatê-lo é preciso trabalhar incansavelmente por uma sociedade mais justa e igualitária. Na Educação, é preciso desenvolver políticas públicas efetivas de inclusão e prática antirracistas. Mas como proceder para enfrentar o problema a partir de soluções?

Os educadores e especialistas são unânimes em um ponto: é preciso estancar a chamada "reprodução do preconceito". Nenhuma criança nasce racista, é preciso lembrar sempre disso. Linguagem e discursos são copiados gerando um efeito em cascata que quase sempre resulta em discriminação e intolerância. 

No Congresso Nacional, tramita em regime de prioridade um Projeto de Lei que altera a LDB, para incluir o combate ao racismo nos currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A solução apresentada defende uma abordagem interdisciplinar do tema, que passaria a fazer parte dos conteúdos programáticos de cada etapa da aprendizagem formal. 

Ações desse tipo são importantes porque na sociedade brasileira ainda é nítida a diferença entre brancos e negros no cotidiano. Especificamente no recorte econômico, pessoas pretas e pardas, que segundo o IBGE configuram a maioria da população do nosso país, possuem rendimentos mais baixos e maior vulnerabilidade em áreas como Educação, Saúde e Moradia.

Uma pesquisa divulgada este ano pelo movimento Todos Pela Educação aponta que o acesso e a conclusão de estudantes pretos e pardos ao Ensino Médio ainda equivale a uma década de atraso, se comparado aos alunos brancos. A base de dados utiliza números de 2012 a 2022, entre adolescentes de 15 a 17 anos que estão nas salas de aula e de até 19 anos que já concluíram o curso. 

A boa notícia, na mesma pesquisa, é que houve uma redução dessa desigualdade nos últimos dez anos, se comparado a décadas anteriores. Isso é resultado de políticas públicas inclusivas e permanentes, a exemplo do Cartão Escola 10, implementado pelo Governo de Alagoas, em 2021, conforme detalhamos no nosso último artigo

O racismo estrutural também é um dos vilões da evasão escolar. Seu reflexo atinge muitos jovens negros são obrigados a buscar uma vaga no mercado informal de trabalho como forma de ajudar no sustento da família. É um conflito secular que coloca em oposição educação e sobrevivência. Por isso a importância do investimento direto no aluno, que é mantido em sala de aula e tem um melhor desempenho na aprendizagem.  

Todas essas evidências nos mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Mas quero relembrar que nós, alagoanos, temos um grande motivo para continuar acreditando em um futuro com mais igualdade: aqui está localizado, geograficamente, o território de maior resistência negra da História do Brasil, o Quilombo dos Palmares. Símbolo de luta e resiliência, Zumbi é o grande líder de uma liberdade que atravessa tempo e espaço.

Como deputado federal e como cidadão brasileiro, vou continuar apoiando toda e qualquer ação antirracista na Educação e na sociedade em geral. Atitudes concretas que tragam mais representatividade para a população historicamente excluída. É preciso trazer sempre a discussão das relações étnicorraciais para o centro da construção curricular. A escola não pode ser espaço para reprodução do preconceito. Precisa ser território livre da democracia étnica, social e política. 

 

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