É impressionante a pressão política sobre o presidente Lula para a escolha do novo procurador-geral da República.
Até o ex-presidente Sarney, um nome notório na política nacional, adversário histórico do ministro Flávio Dino, no Maranhão, tem um candidato ao posto que foi de Augusto Aras, até a última terça-feira (ele revelou o nome do seu preferido a Lula).
Assim como Arthur Lira, que defendia a permanência de Aras, Sarney é uma velha raposa sempre faminta, um predador que sabe quem são suas presas.
Lira perdeu, ainda bem, e torço para que Sarney siga o mesmo caminho.
O lamentável, no caso, é que essa pressão vem do entendimento de que um PGR deve funcionar como um engavetador-geral da República em relação ao governo e aliados, cargo que foi inaugurado oficialmente por Geraldo Brindeiro, no governo FHC.
Não que não houvesse outros iguais antes dele, mas naquele momento histórico ficou claro qual seria o seu papel.
Nos governos petistas, há de se reconhecer, esse cenário mudou, com a nomeação de personagens que depois ficaram conhecidos pelo voluntarismo e apelo midiático, longe também do bom profissionalismo.
Se Augusto Aras foi, praticamente, um ministro de Bolsonaro, e foi mesmo, Lula não pode cometer o mesmo erro.
Um PGR tem de ser a representação de uma instituição fundamental e independente para o país, o MP federal, mas que também não pode ser um ator político ativo e deslumbrado.
O presidente tem razão ao dizer que essa escolha é uma das tarefas mais difíceis com a qual se deparou desde que assumiu, pela terceira vez, o principal cargo político do país.
Ele há de saber que não pode errar de novo nesse caso - para mais ou para menos: o escolhido não pode ser um potencial inimigo nem um amigo de infância (se atuando como ator político sem voto e com autoridade).