A Copa do Mundo é um evento de extrema relevância para o futebol feminino e representa um marco significativo na luta pela igualdade de gênero no esporte, proporcionando visibilidade e reconhecimento às mulheres que dedicam suas vidas ao futebol. Hoje, o Brasil faz sua estreia contra o Panamá, e a seleção brasileira feminina, conta com duas alagoanas: Marta e Geyse.
O Cada Minuto entrevistou mulheres que atuam no meio esportivo para compreender a importância da Copa do Mundo Feminina e avaliar o cenário para mulheres nesse contexto.
“Ainda enfrentamos resistência”
Alagoas é a terra natal de Marta Vieira, conhecida como a "Rainha Marta", eleita seis vezes a melhor jogadora de futebol do mundo. Além disso, o estado tem revelado diversos nomes talentosos para o cenário nacional e internacional, como Geyse, atualmente jogando no Barcelona, na Espanha.
Apesar das condições ainda não serem as ideais, existem esforços consistentes para fortalecer o futebol feminino na região. O Estado promove duas importantes competições: o Campeonato Alagoano, organizado pela Federação Alagoana de Futebol (FAF), e a Copa Rainha Marta, que é organizada pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj). Essas iniciativas têm contribuído para o desenvolvimento da modalidade e o incentivo à participação das mulheres no esporte.
A secretária do Esporte, Angela Stemler, enfatizou que um trabalho significativo tem sido realizado para impulsionar o futebol feminino no Estado. Segundo ela, a Copa do Mundo tem sido um catalisador para promover esse esforço em várias nações, inclusive no Brasil.

"Ainda enfrentamos muitas resistências em diferentes aspectos, mas aqui em Alagoas, por exemplo, a terra da melhor jogadora de todos os tempos, temos nos empenhado em fortalecer cada vez mais a modalidade. A Copa Rainha Marta tem crescido a cada ano, e proporcionamos suporte às equipes da capital e do interior com equipamentos esportivos, passagens, hospedagens, espaços para treinamento e patrocínios. Em resumo, fornecemos um conjunto de apoios que fortalecem aqueles que já estão lutando e incentivam aqueles que sonham em se tornar jogadoras de futebol", reforçou Angela Stemler.
“Em constante evolução”
Dentro dos campos, não com a bola nos pés, mas conduzindo as regras do jogo, outra alagoana de destaque é a assistente de arbitragem, popularmente conhecida como "bandeirinha", Brígida Cirilo, que tem alcançado voos altos em sua carreira.
A profissional vem progredindo em sua trajetória, iniciando como integrante do quadro da Federação Alagoana de Futebol (FAF), passando pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e atualmente faz parte do quadro da FIFA, a entidade máxima do futebol internacional.
Diante das dimensões que o futebol feminino tem ganhado, a profissional compartilha seu sonho dentro do esporte. Segundo ela, o futebol feminino está em constante evolução.

“Já avançamos muito, mas ainda temos um longo caminho a percorrer em comparação ao futebol masculino. No entanto, acredito que estamos seguindo pelo caminho certo. Precisamos de muito apoio, mas a cada dia estamos conquistando nosso espaço. Poderíamos ampliar ainda mais a divulgação da modalidade. Meu sonho é ver o mundo inteiro parar para assistir à Copa do Mundo Feminina um dia", comentou.
Quem também atua na linha de frente do jornalismo esportivo é Charlene Araújo. A alagoana acredita que houve um aumento significativo no interesse pela Copa do Mundo feminina devido a uma maior divulgação do evento.
"Mesmo que de forma gradual, as pessoas estão começando a reconhecer a importância dessa modalidade para as mulheres. Ainda não alcançamos a mesma proporção de divulgação e espaço da Copa do Mundo masculina, mas posso afirmar que já avançamos cerca de 20% do que é necessário. Refiro-me especialmente ao valor dos patrocínios e salários, que ainda são consideravelmente inferiores aos dos homens. Enquanto essa disparidade não for equilibrada, será necessário continuar lutando e aumentando a conscientização", declarou a jornalista.
A jornalista também comentou que o fato do Governo Federal ter decretado ponto facultativo nos dias de jogo foi uma forma de incentivar o esporte. "Se é algo tão natural nos jogos masculinos, devemos ter o mesmo reconhecimento nos jogos femininos. Independentemente do gênero, o esporte possui o poder de transformar vidas e histórias. Portanto, todo tipo de incentivo é válido", afirmou.
Caminho longo e árduo
A cronista esportiva Junyelle Rocha destacou que, embora ainda não tenhamos alcançado o lugar ideal quando se trata de futebol feminino, há avanços significativos no caminho. “Mas o caminho é longo e árduo”.
“Nesta edição da Copa do Mundo feminina, com dois países sede (Austrália e Nova Zelândia), a competição já está fazendo história. Jogos com mais de 75 mil espectadores presentes no estádio, diversas seleções de países participando pela primeira vez, jogadoras que dispensam apresentações e outras que estão realizando o sonho de atuar pela primeira vez. O futebol feminino é uma realidade impressionante. Para aqueles que acompanham de fora, fica evidente que esta edição está sendo diferente e marcante”, destacou.

Ela também ressaltou que a jogadora Marta é uma lenda viva e que, mesmo disputando a última Copa, ela já deixa um legado imenso. Além disso, Junyelle afirmou que o Brasil conta hoje com uma técnica extremamente experiente, campeã olímpica, e que vai tentar levar a seleção brasileira ao título inédito.
"Ainda vejo outras seleções, como os EUA e a França, à frente das nossas representantes, mas acredito que o Brasil nunca chegou tão forte como está agora. Se conseguirmos classificar em primeiro lugar na fase de grupos, isso será uma ótima sinalização para esta edição do torneio. Eu torço muito para que isso aconteça", finalizou.