Uma escola fechada destrói esperanças

18/07/2023 09:49 - Avança+
Por Foto: ZaZo
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A escola, além de espaço funcional para a prática do ensino e da aprendizagem, é uma força simbólica para a comunidade onde está inserida. Abriga a memória dos alunos, professores e servidores que passaram parte de suas vidas nessas dependências. Uma escola de portas fechadas é sinônimo de descaso com a população, com o bairro, com a cidade. 

A Escola Municipal Walter Pitombo Laranjeiras não funciona desde 2016, segundo matéria publicada na imprensa local, em 2018. Situada na confluência dos bairros Vergel do Lago e Ponta Grossa, a unidade de ensino atendia principalmente os alunos que moram entre a Levada e a Vila Brejal. Atualmente, essas crianças precisam se deslocar até outros bairros para estudar.

A educação precisa ser encarada de forma séria, sem firulas ou jogadas de marketing. Não é um produto descartável e muito menos substituível. Os moradores, com razão, se sentem abandonados e, segundo eles, não querem ser enganados com falsas entregas. 

O entorno da orla lagunar, assim como as demais áreas de maior vulnerabilidade da capital, merece respeito. A Lagoa Mundaú é um dos nossos mais importantes cartões postais. Forma, com a Lagoa Manguaba, um ecossistema riquíssimo, que inclusive inspirou o nome do nosso Estado. Um verdadeiro manancial de possibilidades para projetos sustentáveis e de impacto social, que recuperem o meio ambiente e promovam uma melhor qualidade de vida para as pessoas.

Mas não é isso que registramos no cotidiano de quem vive entre Bebedouro e o Pontal da Barra. O afundamento do solo, provocado pela desastrosa mineração da Braskem; a ausência de obras conclusivas na área de saneamento básico e desassoreamento; além da lentidão de obras de infraestrutura, essenciais para os bairros, provocam o caos, principalmente em dias de chuva. Nas redes sociais, as imagens dos moradores debaixo d'água viralizaram nas últimas semanas.

A foto de uma senhora, sentada numa cadeira, sendo conduzida por dois moradores com água até os joelhos chegou à imprensa nacional. Idosos, crianças, pais e mães de família tentando salvar o pouco que restou. Eles representam o descaso do poder público, que prefere investir nos grandes eventos, que por sua vez demandam milhões em recursos para pagar decorações festivas e cachês de shows de artistas de renome nacional.

Mas não é apenas escola fechada e ausência de obras de infraestrutura. Na última sexta-feira, a OAB Alagoas solicitou informações da prefeitura de Maceió sobre a demora na entrega das unidades habitacionais do conjunto Parque da Lagoa, no Vergel. A Ordem provocou o encontro após manifestação de uma advogada, que tinha conhecimento da conclusão de parte das obras, porém, sem previsão do alocamento das famílias, muitas delas desabrigadas por conta das inundações.

O problema das populações vulneráveis não é novo e tampouco atinge apenas Maceió. Mas é urgente a tomada de providências para uma solução rápida e segura. Levanto tais assuntos, neste artigo, não apenas pela importância de registrar os fatos que atingem os moradores da orla lagunar de Maceió. É para provocar uma reflexão mais ampla, sobre como estamos tratando as populações mais pobres em Maceió e em Alagoas. 

Os poderes públicos locais não podem fechar os olhos para essa realidade. A crise humanitária que atinge a nossa população mais vulnerável foi agravada pela pandemia, mas sempre existiu e exige a adoção de medidas urgentes para ser revertida. Escolas sem funcionar, unidades habitacionais vazias depois de construídas e ruas alagadas a cada novo período de chuvas são fatores que comprometem o desenvolvimento humano em nossa capital. A população não quer mais promessas. Ela exige resultados. 

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