O presente e o futuro da Criança Alagoana

20/06/2023 08:15 - Avança+
Por redação
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As memórias da infância fazem parte da formação física e mental de todos nós. O período que se inicia na gestação e vai até os 6 primeiros anos de idade é denominado "primeira infância" e causa impactos ao longo de toda nossa vida. É nessa fase que se desenvolvem as principais funções do cérebro, base da saúde, do aprendizado e do comportamento que vamos experimentar dali por diante. Somos, literalmente, o fruto dessa "semente". 

Quando fui secretário da Educação pude acompanhar de perto a evolução do Programa Criança Alagoana, o Cria, resultado de um trabalho importante iniciado pelo então governador Renan Filho. Trata-se de uma das iniciativas mais relevantes na promoção do desenvolvimento integral de meninas e meninos na faixa etária de 0 a 3 anos, em seus aspectos cognitivos e psicossociais.

Por isso me empenhei em trabalhar para sua implementação nos municípios de todas as regiões do Estado, incluindo a capital, onde enfrentamos a resistência da prefeitura. Para se ter uma ideia, oferecemos 15 novas creches equipadas para Maceió, com funcionamento em tempo integral e atendendo às crianças e mães de todos os bairros, principalmente a população da periferia. Apesar de não contar com o apoio do poder público local, entregamos o espaço Cria na Grota do Cigano e, em breve, mais duas unidades na região do Benedito Bentes.

É importante falar sobre isso para deixar bem claro o nosso compromisso com as pessoas e não com projetos políticos ou planos de marketing institucional. O impacto positivo de programas como o Cria são imensos, já que inclui a perspectiva da primeira infância no planejamento de políticas públicas para promoção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

E não são apenas bebês e crianças beneficiados. Os cuidadores, principalmente as mães de família, ganham com a instalação do Cria em sua cidade, povoado ou bairro. Eu estou falando de uma realidade que atinge a maioria das famílias vulneráveis de Alagoas. No nosso Estado, dos 540 mil cadastros ativos do programa Bolsa Família, 448,1 mil são de lares chefiados por mulheres, segundo dados do Governo Federal de março deste ano.

Isso corresponde a 82,9% do total de domicílios beneficiados, demonstrando a necessidade que essas mulheres têm da ampliação do número de creches em nosso Estado. No caso específico do CRIA, são unidades que podem atender até 200 crianças, com a atenção de uma equipe multidisciplinar preparada para fornecer uma formação integral nessa fase tão essencial do crescimento. É a chance de uma educação infantil de qualidade, com escolarização no tempo certo e merenda adequada à faixa etária.

Tudo isso está baseado em fatos e não em "achismos". Importantes pesquisas realizadas em todo o mundo por entidades que tratam do tema, como o Unicef, atestam que, dentre 166 países consultados pelo órgão, menos da metade oferece programas gratuitos ou qualquer modalidade de transferência de renda, por pelo menos um ano, a cada bebê nascido vivo.

Entre os países mais pobres, apenas 15% apresenta algum tipo de ação na atenção básica para a primeira infância. Vale lembrar que, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a meta que trata especificamente dos primeiros anos de vida está descrita no ODS 4, que foca na Educação de Qualidade, onde se lê: “é preciso garantir que todos os meninos e meninas tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles estejam prontos para o ensino primário".

Por tudo isso, digo e repito que minhas colocações sobre o programa não são especulações. O Cria foi planejado tendo como tripé a Educação, a Saúde Materno-Infantil e a Assistência Social, envolvendo secretários e servidores do Estado em sua implementação. O programa se sustenta, acima de tudo, na busca por maior inclusão, menos desigualdade e na promoção de uma vida mais digna para quem nasce e cresce em Alagoas.

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