Eu sempre acreditei que manter uma atividade física regular é essencial para ficar com a saúde dia. Na semana passada, falamos bastante sobre a importância da saúde mental nas escolas e hoje quero abordar a relação direta entre esse assunto e a prática de esportes. Afinal, qual o lugar da Educação Física no modelo escolar brasileiro? Uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, organização do terceiro setor com foco nos processos educacionais, comprovou que se trata de uma disciplina fundamental na formação de crianças e jovens, tanto em aspectos físicos quanto mentais.

Segundo os dados levantados, cada vez mais as práticas desportivas e sua ligação com a saúde integral têm se tornado peça-chave numa visão mais abrangente sobre o desenvolvimento dos estudantes, deixando de ser uma "atividade paralela" para se transformar num aspecto central da vida escolar. A sociedade reconhece, há muito tempo, que a prática de esportes contribui para um estilo de vida mais saudável, isso é fato.

A boa notícia é que agora também se valoriza a atividade física como parte do desenvolvimento de habilidades tanto individuais quanto coletivas, que exploram situações que demandam tomadas de decisão semelhantes àquelas exigidas em nosso dia a dia. Por isso, os especialistas recomendam que a escola introduza o esporte desde cedo na vida dos alunos, de modo a ensinar crianças e jovens a compreender e interpretar o fenômeno desportivo e a fazer parte dele por meio da chamada "prática voluntária". Exercitar e compreender diferentes modalidades desportivas estimula, no estudante, a importância de se comportar de forma solidária, com base no respeito às regras, aos colegas e aos adversários.

As aulas de Educação Física se transformam, portanto, em um campo rico de experiências que podem contribuir efetivamente na aprendizagem das chamadas "habilidades para a vida", tão essenciais no mundo hiperconectado, mediado por telas e redes sociais. Além disso, uma atividade esportiva de qualidade promove uma interação mais constante e intensa nas relações humanas. 

Não custa lembrar que, na prática de esportes, estão presentes: o trabalho em grupo e colaborativo; o uso da criatividade; a resolução de problemas; a mediação de conflitos; a comunicação; a tomada de decisões; o espírito de liderança; o saber agir sob pressão; dentre inúmeros outros exemplos de soft skills, ou competências comportamentais, tão requeridas hoje pelo mundo profissional. 

Dados fornecidos pela Unesco, dão conta que as atividades físicas integram o currículo da educação básica de praticamente todos os países do mundo, sendo que, em 94% deles, o seu ensino é obrigatório. Se retrocedermos um pouco até meados do século XIX, quando ainda começava a surgir o modelo de escola que conhecemos hoje, veremos que a Educação Física também já estava presente entre os currículos escolares de muitos países. 

No Brasil, a maior alteração foi a inclusão da Educação Física, pela Base Nacional Comum Curricular, na área de linguagem, valorizando uma visão mais sistêmica e integral do segmento. Com isso, o esporte passa a ter uma dimensão mais ampla em questões como responsabilidade social e cidadania; autoconhecimento e autocuidado; valorização cultural; além da relação com a saúde e a qualidade de vida. Os especialistas afirmam que, se seguidas estas linhas pedagógicas adotadas pela BNCC, a educação física e esportiva pode ser fundamental na recuperação de espaços físicos, docentes e alunos neste cenário ainda de pós-pandemia.

Construir, recuperar e manter unidades de ensino, ginásios, quadros e campos society é outro fator essencial para o sucesso das práticas esportivas no ambiente escolar. Foi por isso que criei, quando era secretário da Educação de Alagoas, o Minha Escola Nova, programa que investiu R$ 470 milhões para melhorar a infraestrutura na rede pública estadual, garantindo aos alunos melhores condições para estudar e, aos professores e servidores, um melhor ambiente de trabalho.

Um outro aspecto fundamental é a valorização do corpo docente e técnico da rede. Para alcançar seus objetivos, a Educação Física deve ser promovida por meio de profissionais qualificados e a partir de programas estruturados com base em evidências, em espaços que possuam instalações e recursos materiais adequados. Só dessa forma é possível garantir a formação mais ampla de crianças e jovens, em seus aspectos cognitivo, emocional, físico e de convivência coletiva, tendo nas atividades físicas um de seus mais importantes suportes.