CPMI: muitas narrativas, apenas uma verdade

23/05/2023 10:38 - Avança+
Por redação
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As imagens da invasão e depredação nas sedes dos Três Poderes da República ainda estão presentes na nossa memória coletiva. Fomos testados como nação democrática e também como povo que sempre prezou pela ordem e pelo respeito ao próximo. Por esse motivo, recebi com muita honra, mas também grande responsabilidade, a missão de integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que será instalada na próxima quinta-feira (25), para apurar as ações, e possíveis omissões, ocorridas em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano.

A indicação feita pelo meu partido MDB, me torna o único deputado alagoano integrante da comissão, o que me deixa ainda mais determinado a trabalhar com serenidade e equilíbrio para que a verdade seja conhecida por todos, punindo os verdadeiros culpados pela tentativa de golpe de estado.

A comissão mista, composta por 16 senadores e 16 deputados, com igual número de suplentes, tem uma árdua missão pela frente. O Brasil e o mundo vivem uma guerra sem trégua de narrativas, que se revestem, por sua vez, de "verdades absolutas" em torno do bem e do mal, segundo os mais variados, e deturpados, pontos de vista. Dessa forma, para além das questões partidárias, criou-se um clima de disputa entre "nós" e "eles", impossibilitando quase sempre o diálogo e o consenso, cernes de todo princípio político-democrático. 

Para o escritor israelense Yuval Harari, autor do celebrado Sapiens - Uma breve história da Humanidade, as notícias falsas geram um envenenamento que divide a sociedade, deturpando o senso crítico e gerando uma polarização em todos os níveis, inclusive nos atos corriqueiros do cotidiano. É a chamada Era da Pós-Verdade, caracterizada pela influência das crenças e opiniões pessoais nos fatos objetivos, que pode gerar desinformação e equívoco.  

Segundo ele, "em um mundo inundado por informações, clareza é poder". Por isso é tão importante valorizar a apuração e a objetividade dos fatos que nos cercam, a fim de evitar a radicalização e o ódio. Uma história mal contada pode virar uma versão aceita apenas por um grupo e vice-versa, alimentados por práticas políticas reprováveis e modelos de negócios pouco transparentes, como aqueles que usam disparos automáticos de mensagens, propagando as chamadas fake news.

O assunto é polêmico e vai seguir dividindo opiniões. Vou continuar defendendo o respeito ao debate, mas sem qualquer traço de má fé em relação aos dados realistas e científicos. A verdade dos fatos não entra em disputa, quando a transparência e a coesão de ideias permite interpretações inequívocas daquilo que denominamos processo histórico. E aqui fico com o lugar-comum do jornalismo independente e isento: "contra fatos não há argumentos".  

Linha do Tempo - As narrativas em torno dos atos de 8 de janeiro,  em Brasília, começaram dois anos antes, mais precisamente no dia 6 de janeiro de 2021, quando radicais invadiram o Capitólio, prédio do Congresso dos Estados Unidos da América. Os ataques antidemocráticos, desde então, estão sendo investigados com rigor, tanto pela Justiça quanto pelos parlamentos dos dois países.

O fato de duas nações, dentre as maiores democracias do ocidente, terem sido alvos de manifestações orquestradas por facções políticas radicais, chamam a atenção de especialistas que estudam a evolução civilizatória e a chamada "crise das narrativas contemporâneas". Para eles, as tecnologias emergentes e suas múltiplas interfaces ajudam a entender o fenômeno da massificação das mensagens, mas não explicam totalmente como se comportam seus emissores e receptores. 

Com a CPMI não se pretende perseguir uma narrativa, que fique claro. O que buscamos é trazer à tona os fatos, a verdade. Fiquem certos, vou buscar descobrir em cada investigação, em cada depoimento e apuração, aquilo que realmente é a realidade e não uma "história contada". Vou me basear nos dados, nas evidências e na certeza dos valores justos que me conduziram até aqui.

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