Um levantamento da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) aponta que, em 2022, Alagoas ocupou a nona colocação no país no Ranking Nacional de Morte por choque elétrico, levando em consideração a taxa de mortes por choque elétrico por milhão de habitantes. Proporcionalmente, o estado está na terceira posição do Nordeste, abaixo do Piauí (7,28) e da Paraíba (6,37).

Em números totais, Alagoas fica na 16ª colocação, com 16 óbitos registrados no ano passado, ou seja, 2,7% do total no país. A primeira colocação é São Paulo, com 62 mortes; seguido da Bahia, com 60 mortes; e de Santa Catarina, com 44 mortes. O estado com menor índice é o Amapá, com dois registros, 0,3%.

O estudo da Abracopel revela também que os eletrodomésticos e eletroeletrônicos estão na lista dos maiores causadores de acidentes por choque elétrico, em áreas residenciais, com 39 acidentes registrados em todo Brasil ano passado, resultando em 32 mortes.

Orientações

Diante dos números e no mês em que se comemora o Dia Mundial da Energia (29 de maio), o executivo de segurança da Equatorial Alagoas, Bruno Pimentel, afirmou – por meio da assessoria de Imprensa da distribuidora de energia elétrica – que, quando o assunto envolve água e eletricidade, os cuidados devem ser redobrados durante o uso dos equipamentos domésticos. 

“Jamais se deve colocar a mão ou braço dentro da lavadora de roupas com o eletrodoméstico já ligado na energia. É comum esquecer de colocar alguma peça e na correria do dia a dia, querer adicioná-la. Esse ato requer muito cuidado. A mesma coisa quando for limpar o filtro ou fazer limpeza no tambor da máquina. Também é fundamental ficar atento à manutenção do equipamento e jamais tentar resolver o defeito que venha a surgir por conta própria. O reparo deve ser feito por um profissional capacitado e de confiança”, destacou o executivo.

Em relação a geladeira, Bruno orientou que, sempre que for utilizá-la, é preciso estar atento para não tocar com os pés descalços e nunca manter contato com o eletrodoméstico quando o corpo estiver molhado. “Quando estamos molhados nós diminuímos a resistência do corpo humano e facilita a passagem de corrente elétrica”, ressaltou.

Sobrecarga

Conforme o levantamento da Abracopel, a segunda maior causa de acidentes dentro das residências é classificada como “falha na isolação de condutores elétricos”, o que envolve toque acidental em fios desencapados (sem isolamento); tomadas e instalações provisórias; e acidentes com extensões e benjamins, o popular “T”.

“Muitas vezes o problema está na fiação da casa ou na sobrecarga do sistema. A recomendação é não utilizar os famosos Ts, fios descascados ou extensões improvisadas, além de evitar fazer o uso de equipamentos que não possuem certificação”, prosseguiu o especialista da Equatorial. 

Bruno Pimentel reforçou os choques elétricos podem ser facilmente evitados e que, muitas vezes, dependem apenas de medidas simples de segurança: “O reforço sobre os cuidados necessários, principalmente junto ao público infantil, que são futuros multiplicadores de boas práticas, podem ajudar a mudar este cenário e contribuir com a redução do índice de ocorrências”, finalizou.

Em caso de acidentes envolvendo energia elétrica dentro de casa, a Equatorial Alagoas orienta a desligar o disjuntor elétrico ou a chave geral e providenciar socorro ligando para o Corpo de Bombeiros (193) ou para o Samu (192). Ocorrências com a rede de energia elétrica fora de casa também devem ser comunicadas à distribuidora por meio do 0800 082 0196.

Nordeste lidera choques fatais

Outros dados revelados no estudo da Abracopel mostram que, no ranking nacional de incêndios de origem elétrica e fatalidade por estado, em todo o país, foram registrados 874 incêndios, com 55 mortes, ficando Alagoas na 12ª colocação, com uma morte e 29 incêndios desta natureza (3,3%).

No país, houve 1.828 acidentes envolvendo eletricidade (descargas atmosféricas; curto-circuito e choque elétrico) e 686 mortes, sendo 39 por descargas atmosféricas; 55 por sobrecarga de energia e 592 por choque elétrico. A maior quantidade de registros dos acidentes é causada por incêndios de origem elétrica, totalizando 874 ocorrências com 55 vítimas fatais.

O Nordeste lidera o ranking de choques elétricos fatais no país, com 206 (34,8%); seguido do Sudeste (19,9%); Sul (16,2%); Norte (14,9%); e Centro Oeste (14,2%). Uma hipótese levantada pela Abracopel é a falta de fiscalização na documentação da formação dos trabalhadores, e por parte dos Conselhos, no caso dos acidentes em obras da construção civil.               

“Os acidentes internos nas edificações poderiam ser evitados em grande maioria pela execução de um sistema de aterramento e o uso de dispositivos de proteção à fuga de corrente, como o Dispositivo Diferencial Residual (DR), que é obrigatório no Brasil pela norma técnica ABNT NBR 5410:2008. Entretanto, segundo o Raio X das Instalações Elétricas Residenciais Brasileiras, somente 21% das residências brasileiras contam com o DR, e somente 52% das residências contam com condutor de proteção (aterramento)”, ressalta trecho do documento.

“Um dos principais motivos para as mortes por choque elétrico envolvendo profissionais que lidam direta, ou indiretamente, com a eletricidade, é o desconhecimento e o descaso com o risco que correm, não aplicando as normas e regulamentos”, finaliza o texto.