É verdade que o senador Renan Calheiros esperou cinco anos para entrar na causa da Braskem.
E entrou pelo lado do governo do Estado, que quer agora ser indenizado pela mineradora pelas perdas de grana, como consequência do afundamento de alguns bairros de Maceió.
Mas não se pode dizer que essa “descoberta” de Calheiros seja ruim para Alagoas, principalmente no momento em que a empresa vive a possibilidade de ser vendida – o que parece um caminho inevitável.
Dinheiro faz parte da atividade política e também administrativa, no caso dos cofres públicos.
Calheiros é um profissional do ramo e sabe “fazer a hora”. Se tiver sucesso na sua empreitada, também há de saber que a população não vai lembrar do seu longo esquecimento sobre o tema e o sofrimento de dezenas de milhares de moradores da capital.
Repito: o que ele faz hoje pode, sim, ser muito bom para a população prejudicada e para os cofres da Fazenda Estadual.
O senador Rodrigo Cunha reclama o reconhecimento ao seu trabalho, lá do início da crise, quando ele promoveu uma audiência no mesmo Senado, em 2019, que teve a presença – entre outros órgãos públicos - da CPRM (Serviço Geológico do Brasil).
Ainda voltou ao tema em 2021, mas parece que cansou dele, enquanto a Defensoria Pública Estadual – principalmente ela, com o defensor Ricardo Melro – continuou na incessante batalha para que a bilionária Braskem pague indenizações justas às vítimas reais da tragédia (e que não tem feito ainda parte dos interesses de Calheiros).
Ressalte-se: para que também contemple os moradores dos Flexais, que vivem o isolamento social e econômico, detectado por especialistas.
De novo, a falta de persistência e determinação tirou de Cunha o protagonismo sobre o tema, entregando-o a Calheiros, um profissional do ramo como poucos.
A população atingida pela mineração da Braskem quer e precisa de justiça e de ser amparada – eis o que de fato importa.