A velocidade com que o mundo vem se transformando pega todos de surpresa, incluindo a produção e veiculação das notícias sobre o avanço tecnológico. Há menos de dois meses, eu falava nesse espaço sobre a polêmica em torno do Chat GPT e os impactos que a ferramenta acarretaria no mercado de trabalho e na Educação. Nas últimas semanas, foi anunciado mais um passo no campo das chamadas inteligências generativas, o Chat GPT-4, que promete alterar de uma vez por todas a era das avaliações escolares como conhecemos até hoje, com as provas nos moldes "tradicionais". 

Só para vocês terem uma ideia, essa nova versão conseguiu passar no exame da ordem que avalia os advogados recém-formados nos Estados Unidos, assim como habilitou-se para matrícula na prestigiada Universidade de Stanford, na Califórnia. O Chat GPT-4 entende e gera respostas para textos e imagens, dialoga em nível espantoso com o usuário e, por isso mesmo, tem desempenho comparável ao de seres humanos nesses testes profissionais e acadêmicos. 

A discussão sobre o impacto da IA na sociedade, porém, está apenas começando. Seu rápido desenvolvimento levanta questões éticas, que vão desde a  ameaça de empregos e atuação de algoritmos tendenciosos até um potencial uso indevido, que pode gerar riscos de segurança para  as pessoas e para as instituições. 

Uma carta assinada nas últimas semanas pelo empresário Elon Musk e pelo escritor Yuval Harari, dentre outras 1.300 personalidades, pediu uma “pausa” de seis meses no desenvolvimento de inteligências artificiais mais poderosas, a exemplo do próprio GPT-4. Além disso, a Itália proibiu, provisoriamente, o uso da ferramenta com base em supostas violações de sua lei de proteção de dados. Espanha, Alemanha e França estudam adotar medidas semelhantes. 

Educação Regenerativa - No âmbito da Educação, as preocupações são ainda mais urgentes. Um artigo assinado pelo reitor da PUC do Rio Grande do Sul, publicado na semana passada, trata da legitimidade dessas discussões e reforça a importância de uma formação escolar integral voltada para os humanos e seus valores fundamentais, no que ele chama de "Educação Regenerativa". 

Para o professor Evilázio Teixeira, as novas tecnologias de informação e comunicação estão mudando a relação das pessoas com o mundo, principalmente entre aqueles que ensinam e os que aprendem. Mas tudo precisa se dar dentro de uma "ética de responsabilidade pessoal, social e ambiental baseada nos valores da justiça e da solidariedade". 

É lógico que a história é marcada pela evolução e pelo progresso. O avanço da ciência possibilitou revoluções que permitiram desde o surgimento da produção industrial às viagens espaciais. Mas a subjetividade humana ainda é a responsável pela nossa característica essencial: a criatividade, que nos torna originais e únicos. 

Mais Ciência, Mais Futuro - É preciso, portanto, apostar sempre nas iniciativas que promovam a ciência, a tecnologia e a inovação, como aconteceu aqui mesmo em Alagoas, na noite da última quinta-feira, com o anúncio de milhões de reais em recursos para o Programa Mais Ciência, Mais Futuro. Os editais vão atender alunos e professores com bolsas de mestrado e doutorado, mas também contemplam o Ensino Médio, com apoio à iniciação científica, o chamado Pibic Jr., para a rede pública estadual e Ifal. 

Entre os incentivos também estão previstas participações de pesquisadores alagoanos em eventos no Brasil e no exterior; premiação de produção acadêmica, além de tradução de publicação de artigos. O programa lançado pelo Governo do Estado também anunciou ainda recursos para a inovação, beneficiando o ecossistema produtivo do setor tecnológico em nosso Estado. 

Iniciativas desse tipo contam com meu total apoio e colaboração. Para mim, conectar-se com o mundo contemporâneo é imprescindível para o nosso desenvolvimento como sociedade. Ao mesmo tempo, precisamos manter firmes os nossos valores e a nossa humanidade, condição essencial para a sobrevivência como espécie.