O que você quer ser quando crescer?

04/04/2023 10:28 - Avança+
Por redação
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A provocação em forma de pergunta do título faz parte da história de muitas crianças e adolescentes em idade escolar. Falar sobre formação e vocação sempre esteve no centro das preocupações da classe média do Brasil e do mundo, principalmente entre aqueles que precisam se preparar para enfrentar o competitivo mercado de trabalho.

Mas, hoje não quero tratar das mudanças que vêm ocorrendo no mundo profissional, com as transformações impostas pelo avanço tecnológico e pelo protagonismo do digital. Antes, eu preciso falar sobre o enorme contingente de jovens que ainda fica de fora da expectativa de ter uma carreira no futuro.

No último dia 30 de março, foi comemorado mais um Dia Mundial da Juventude. A data, criada pela ONU em 1985, tem como objetivo chamar a atenção de jovens de todo planeta sobre a importância do seu papel na sociedade e sua contribuição em lutas justas e responsáveis. Para efeitos práticos, é considerado jovem todos os indivíduos entre 15 e 29 anos, em fase de transição de ciclo de vida, mesmo que enfrentem realidades diferentes.

No Brasil, segundo o IBGE (2021), essa faixa etária corresponde a mais de 47 milhões de pessoas, ou seja, 23% da população do país. É um número considerável, que engloba pessoas que ainda buscam construir identidade própria, ganhar autonomia, garantir aprendizagem que permita adquirir uma profissão e, com isso, independência financeira. 

Mas é justamente aqui que enfrentamos um grande gargalo. Cerca de um quarto desses 47 milhões de jovens não estudava nem estava ocupado em 2021, segundo a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS), também realizada e divulgada pelo IBGE. Nessa análise das condições de vida da população brasileira, o instituto apontou que 12,7 milhões de pessoas nessa faixa etária precisam de novos caminhos e abordagens para sair dessa condição.

O estudo do IBGE também sugere a suspensão do termo "nem-nem" (nem estuda e nem trabalha) por entender que isso reforça o estigma em torno dessa população. A expressão acabou sendo usada, ao longo do tempo, de forma pejorativa, dando a conotação de que se tratava de uma "escolha" e não o oposto, "a falta de opção". Muitos estão fora do mercado formal de trabalho por ausência de oportunidade, realizam afazeres domésticos ou partem para a precarização. Mas, repito, não fazem isso por vontade própria. 

Jovem Aprendiz - Todos sabem que uma das bandeiras que defendo no Congresso Nacional é a Educação. Entendo que a escola pública de qualidade pode impactar positivamente a vida de milhões de crianças e adolescentes em todo o país. Também sou um defensor do ensino técnico e profissionalizante, que contribui na formação dos jovens brasileiros.

Nesses primeiros meses do meu mandato, e agora como vice-presidente da Comissão de Educação da Câmara Federal, encaminhei temas importantes para a apreciação dos deputados. Da mesma forma, apoio iniciativas igualmente essenciais, como o requerimento para a criação de uma Frente Parlamentar Mista que vai discutir novos caminhos para o Jovem Aprendiz. Um Projeto de Lei 6461/19, que trata do Estatuto do Aprendiz, já tramita desde o final do ano passado, e precisa ser tratado com celeridade.

Já como integrante da Comissão de Turismo, tenho defendido a ampliação de novas oportunidades para os jovens nesse segmento. Trata-se de uma cadeia produtiva importante na geração de emprego e renda, onde muitos profissionais encontram suas primeiras oportunidades de trabalho, enriquecendo seus currículos. 

Vale lembrar que são mais de 50 atividades econômicas diferentes envolvidas no setor, que oferta vagas de hotelaria, comércio, serviços e muitas outras funções agregadas, do motorista de aplicativo ao ambulante que oferta seus produtos nos pontos turísticos em todo o país.

Discutir e aprofundar esses temas é mais um passo em direção à erradicação do trabalho infantil e no combate à precarização de adolescentes e jovens. Além de garantir uma melhor qualidade de vida a essa faixa etária, uma legislação mais eficiente pode garantir novas possibilidades, em outras palavras, pode oferecer um futuro a quem hoje não pode decidir sobre o que quer ser quando crescer.

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