“Ele”, no caso, é Graciliano Ramos, que foi prefeito de Palmeira dos Índios, de 1928 a 1930.
O advogado, professor e escritor Fábio Lins conta, no seu ótimo livro Graciliano Ramos e a administração pública, a trajetória do Velho Graça como prefeito.
Impecável é uma palavra que define com precisão a atuação política e administrativa do autor de Vidas Secas, o mais conhecido dos seus livros (o meu preferido é Angústia).
Os inovadores relatórios do prefeito chamaram a atenção do mundo literário, que pôde conhecê-lo, anos depois, como um dos escritores mais importantes da língua portuguesa, um clássico.
Mas se o tema destas breves linhas é honestidade, que a maioria dos leitores e leitoras deste blog não acredita ser possível na atividade política – é o que manifestam majoritariamente -, deixo uma breve história do prefeito Graciliano.
Precursor do direito administrativo e criador de um dos primeiros planos diretores de uma cidade brasileira, Graciliano Ramos, entre outras coisas, estabeleceu a proibição de animais soltos nas ruas de Palmeira dos Índios.
Quem descumprisse a ordem da prefeitura pagaria multa.
Eis que seu Sebastião Ramos, pai do escritor, não levou a sério a determinação. Foi multado pelo filho e correu até ele para protestar.
A resposta de Graciliano:
- Prefeito não tem pai. Eu posso pagar sua multa. Mas terei que prender seus animais toda vez que o senhor os deixar na rua.
Num estado em que um governador (ou ex) emplaca a mulher como conselheira do Tribunal de (faz de) Contas, com salário surreal e trabalho nenhum, essa historinha deveria fazer corar de vergonha os que justificam o descrédito da população (quanto à honestidade dos políticos).
Só que não.
Mas que pode, ah, isso pode.