Embora eu duvide que exista outro mais inútil do que o de Alagoas, os Tribunais de (faz de) Contas de todo o país são motivos de vergonha.
Símbolos de nepotismo e de patrimonialismo, os TCs vivem em meio a escândalos de distribuição de prebendas a políticos viciados e seus parentes mais próximos (contaminados pelo mesmo vício).
Agora, é o que parece, vivemos a era das “conselheiras” esposas de (ex) governadores, uma turma que deveria dar exemplo de respeito ao dinheiro público, mas que, ao contrário, ignora qualquer princípio de moralidade e ética com a coisa pública.
Em longa matéria na edição de hoje, O Globo mostra que 30% dos “conselheiros”, responsáveis por fiscalizar (??) o uso do dinheiro público “são parentes de políticos” (e que políticos!). Mais: 32% são condenados pela Justiça ou alvos de investigação por crimes variados. O tipo de pessoa que você, imagino, não gostaria de receber em sua casa.
Só no governo Lula, três ministros emplacaram recentemente as respectivas esposas nos TCs dos seus domínios eleitorais, como quaisquer “coronés” que se prezem.
São eles: Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social) – que eu imaginava que era diferente dessa turma que debocha dos pobres. Rui Costa, do Gabinete Civil, é o próximo a presentear sua esposa com uma sinecura invejada por todo personagem que deseja ganhar muito fazendo pouco ou nada, a não ser para os seus (salários de mais de R$ 41 mil).
Aqui temos, na atual composição do “pleno”, plenamente inútil do TC de (faz de) Contas de Alagoas, além de Renata Calheiros, a irmã de um deputado (Rosa Albuquerque), o irmão de um ex-governador e atual vice (Otávio Lessa) e a esposa de um ex-presidente da Assembleia (Cláudia Cleide).
Juntos, eles consomem do pobre erário mais de R$ 120 milhões/ano, sem que comandem com essa dinheirama servidores respeitados e bem remunerados. Pelo contrário, estes são humilhados e conhecem o arrocho salarial como qualquer trabalhador do serviço público estadual.
Os TCs, ao fim e ao cabo, são a representação mais bem acabada de um país politicamente atrasado, socialmente injusto, historicamente autoritário (ou não é autoritarismo impor aos cidadãos uma mesada graúda a quem nada faz pela população?).
Se isso lhe serve de consolo, não é só em Alagoas que a “corte de contas”, ainda que provoque medo pelo mal que pode fazer, não atrai o respeito dos que merecem respeito.
Nem pergunte como essa gente dorme: eles e elas dormem o sono dos anjos porque desconhecem o que é consciência.