A alagoana Joana Zeferino da Paz, conhecida como 'Dona Vitória', morreu, nessa quinta-feira (23), aos 97 anos. Ela foi tida como heroína nos anos 2000 após fazer uma série de filmagens da janela de sua casa e levar mais de 30 pessoas à prisão, dentre traficantes e policiais militares ligados ao tráfico na Ladeira dos Tabajaras, favela de Copacabana.
Quem revelou a identidade de Dona Vitória foi o jornalista Fábio Gusmão, em seu testemunho publicado no Extra. Na época, ele fez a reportagem e seguiu acompanhando o caso. Joana deixou o imóvel onde viveu por 36 anos para ingressar no Programa de Proteção à Testemunha.
Após isso, começou, ali, uma vida de "privações, angústia, desapego e resiliência", conta Gusmão: "O seu desejo, há anos, era ter o reconhecimento público", escreveu.
Gravações pela janela
Segundo matéria do g1 Rio de Janeiro, Joana morava num apartamento, na Praça Vereador Rocha Leão, que dava para a Ladeira dos Tabajaras. Pela janela, começou a ver a movimentação de traficantes em uma boca de fumo.
O Extra apurou que ela entrou com uma ação contra o Estado devido à desvalorização de seu imóvel. A ideia de filmar veio para desmentir a alegação, dentro da ação judicial, de um coronel da PM, que disse que a moradora mentia sobre a existência do tráfico, que seria combatido pelo batalhão.
Joana decidiu, então, comprar uma câmera de filmar e gravar as cenas que via diariamente. Nas imagens, era possível ver traficantes armados e vendendo drogas. As fitas foram entregues à Polícia Civil, que deu início à investigação.
Além dos traficantes, foram condenados policiais militares por omissão e pelo recebimento de propinas para fazer vista grossa para o crime organizado.
Filme
A história da aposentada será contada em "Vitória", um filme original Globoplay com produção da Conspiração, com Fernanda Montenegro no papel principal. O filme deve ganhar os cinemas em 2024.
*com Agências