A VIDA NÃO TEM REPLAY - A saga de um Roqueiro Mofado até o último show do Kiss

05/01/2023 09:55 - Blog Roqueiro Mofado
Por Fernando Godoy
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         Tomo emprestado do nobre amigo de infância, Scala e autêntico roqueiro mofado o título desse texto. E fará todo sentido como se verá a seguir, cai como uma luva, como diz Gene Simons vocalista e baixista do Kiss no disco Lick it up na canção homônima “Fits like a glove”.

          Refiro-me ao show do Kiss ocorrido em São Paulo no dia 30.04.22 no Alianz Park. Antes de ir direto ao ponto, forçoso narrar a saga que iniciou na quarta-feira (27.04.22). Até então nem tinha ingresso nem passagem. Ocorre que meu irmão Alexandre, desistiu de ir ao evento e não havia conseguido vender os ingressos. Daí resolvi ir e consegui adquirir passagens nas milhas (100 mil). Detalhe: se saísse na sexta dobraria a quantidade, o que inviabilizaria minha ida, pois só possuía 110 mil milhas. Só restava a concessão da autorização da patroa. Sensibilizada por minha devoção ao Kiss, concedeu-me a graça. Munido do Alvará liberatório rumei para Sampa na quinta-feira às 19:30, chegando por lá às 22:30, onde já se encontrava o parceiro Cedryck.

          Fui direto do Aeroporto para o Morrison Rock Bar ainda de mala na mão sem passar pelo Hotel. Não poderia ter feito escolha melhor, lá estavam Cedryck e Bernardo, filho do seu sócio e mais uma galera local muito legal que pude conhecer. Marcelo, cunhado de Cedryck e ex-integrante da banda Lambrusco Kids – de pegada punk e que já tocou no Reino Unido e se apresentou com o vocalista da banda Toy Dolls, Olga em São Paulo e sua esposa Jeanne; Reinaldo, vocalista da banda My New Device, com alguns CDs lançados, com influência do rock inglês oitentista; André – que simplesmente havia sido um dos produtores do Woodstok brasileiro na década de setenta, realizado no município paulistano de Águas Claras. Todos, sem exceção, gente da melhor estirpe e roqueiros de mão cheia. Aprendi muito com a galera. No bar estava tocando uma banda muito boa chamada Red Stok que transitava em músicas de Tears for Fears, Depeche Mode a Iron Maiden e Acdc. Muito legal a noite, terminamos de madrugada comendo na Padaria Estadão, vizinha ao nosso hotel – Novotel. Lá podemos nos deliciar com o famoso sanduíche de pernil. Imperdível. Bom com força.

         Na sexta-feira, pela manhã, juntaram-se a nós, Betuca, Telmo e seu filho, Telminho. Para variar seguimos à Galeria do Rock – itinerário obrigatório para roqueiro que se preze. Lá encontramos, Jivago e namorada e Vitão. Após as compras, seguimos ao Bar Brahma, onde ainda se juntou a gente Luiz Grossi. Todos brothers da galera do blog.

        À noite havíamos marcado para ir no Café Piu Piu. Além da turma toda que mencionei ainda se juntaram ao grupo, Verônica, esposa do Vitão, Pedro Ivens, John (da banda Herocoice) e Digão. A caravana de Maceió ocupou o mezanino do bar e foi premiada com a apresentação de uma banda de classic rock – Rolls Rock - simplesmente sensacional. Formada por quatro integrantes: guitarrista, baixista, tecladista e baterista onde todos cantavam além de excelentes músicos. O guitarrista parecia saído de uma banda de Metal Farofa dos anos 80 (ótimo), com direito a botas de oncinha e uma pedaleira de fazer inveja a Alex Liferson do Rush. Tocaram Bon Jovi, Toto, Tina Turner, Steve Wonder, Europe, Whitesnake... Simplesmente uma noite perfeita. Amigos, resenha e rock’n’roll na veia. Uma prévia digna de um show do Kiss.

         E chegou a grande noite, mas não sem antes passarmos (eu, Cedryck e Bernardo) na casa do cunhado e irmã de Cedryck, Marcelo e Jeanne, que nos ofereceram um churrasco maravilhoso em sua residência, que terminou servindo de esquente para o show do Kiss. O anfitrião nos mostrou um acervo de vinis, CDs e filmes, sobretudo de punk. Grande Marcelo, gente finíssima. A galera do Esparro ia se amarrar com a coleção.

         Partimos para o Alianz Park, só faltava a gente. Só que ainda tínhamos que vender os ingressos restantes do meu irmão. Eram 04. Na mão dos cambistas só queriam pagar R$ 100,00 cada. Nos deparamos com um cidadão que ofereceu R$ 1.000,00 no lote completo. Fechamos e quando ele foi passar o pix, ficamos sabendo que o nome do cidadão era Romário. Não me contive e perguntei: Nascesse em 94? Ele: não, em 93. Pensei cá com meus botões, provavelmente depois do Brasil e Uruguai na eliminatória da copa de 94, onde o baixinho fez os dois gols da vitória do Brasil e sacramentou a ida à copa da seleção canarinho.

         E adentramos ao estádio do Palmeiras, realmente hoje um dos melhores lugares em estrutura (apesar de ter ficado pequeno para mais de 65.000 pessoas que reuniu). O único problema foi a fila para ir aos banheiros. Ficamos no setor 1 A das cadeiras. A galera de Maceió toda reunida, cerveja gelada, apesar de cara – R$ 14,00 uma latinha de Black Princess. Iniciou a apresentação com 15 minutos de atraso. Como já haviam feito em outros locais da turnê de despedida (será?!) End of the Road, o show iniciou com a gravação original do Led de Rock and Roll e abriu mesmo com Detroit Rock City (melhor abertura não podia ter). Com direito ao anúncio famoso: You wanted the best, you got the best. The hottest band in the world. KISS. (“Você procura a melhor, você terá a melhor. A banda mais quente do mundo. Kiss”). Tradução livre.

O show foi realmente um espetáculo apoteótico, os caras desceram de plataformas, estrondos de fogos no palco, tirolesa de Paul Stanley, solos de bateria de Erick Singer, com direito a entoar Beth no piano no bis, de fazer inveja a Peter Criss (baterista original e que cantava no disco Destroyer a canção), de guitarra (Tommy Thayer) e até de baixo de Gene na abertura de God of Thunder. O setlist foi fantástico e fez um apanhado da carreira dos mascarados: Shout it out Loud, I Love it Loud (Gene Simons como sempre deu um show e olhe que o cara está com 72 anos), War Machine, Say Yeah, Lick it Up, Heavens on Fire, Psycho Circus, Rock Roll all Night e tantas outras que enlouqueceram a platéia do começo ao fim. Como autêntico soldado do Kiss Army afirmo, foi um show à altura do esperado e fiel às raízes da banda. Digno de figurar entre os melhores que vi.

Sem titubear a vida não tem replay! São momentos como estes que fazem a vida valer a pena; juntar amigos e poder desfrutar de boas conversas, resenhas e bastante rock’n’roll.

GODOY STANLEY

 

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