Se o presidente Lula já tem problema demais para resolver, um, que até parece pequeno, não aponta solução possível no curto prazo: o embate entre Arthur Lira e Renan Calheiros.
Os dois se estapeiam (metaforicamente) nos bastidores de Brasília para definir quem é mais forte junto ao presidente da República.
É coisa de província, e Lula deve saber disso, até porque não são exatamente os interesses da nação que estão em jogo no caso. O poder local, ao fim e ao cabo, é o que entra nessa disputa.
Calheiros conhece cada corredor e gabinete o Congresso Nacional e já aponta suas baterias, também, para a eleição da presidência do Senado – sinalizando que não está satisfeito com os rumos da transição sinalizados pelo futuro presidente e equipe. Ele pode não entregar muito como aliado, mas pode tirar muito como adversário.
Lira é a síntese do momento do mais puro fisiologismo da política nacional, representando os seus interesses e do seu grupo “faminto” e sempre governista, mas também alimenta sua rivalidade com o adversário/inimigo local, transferindo para Brasília a sua encrenca com Calheiros.
É verdade: Lula tem muito mais o que fazer, mas não está dispensado, no momento, de ter de separar os dois valentões da terra das Alagoas.
Tomara que o preço para o país não seja lá grande coisa.