Durante toda a campanha, os dois candidatos ao governo desdenharam do debate mais necessário em Alagoas: como nos tornamos o estado brasileiro com maior número de famintos, proporcionalmente, no país?
São 36,7% dos alagoanos que passam fome todos os dias - mais do que o dobro da média nacional, de 15%.
O tema, no entanto, foi periférico na campanha de rua, nos debates, no guia eleitoral.
O vídeo abaixo, publicado nas redes sociais da secretária de Assistência Social de Delmiro Gouveia, Kika Marques Luna, é definitivo para confirmar o óbvio: a fome por aqui existe porque é necessária à turma que está no poder ou quer a ele chegar.
Não se trata de uma denúncia contra Dantas, elogiado pela satisfeita secretária Kika, de Delmiro Gouveia: o discurso dela é o elogio à nossa miséria.
Que precisa existir e persistir.
Uma realidade que vem desde os tempos de escravidão, passando pelo coronelismo violento e opressor que mantém sob os pés o povo mais pobre, e chegando ao cenário da alta tecnologia, que não mede, infelizmente, a dor dos explorados.
Aos críticos dos famintos que “trocam o voto” por um prato de comida deixo, mais uma vez, a frase do teatrólogo alemão Bertold Brecht:
“Primeiro o estômago, depois a moral”.
O vídeo é autoexplicativo:
Sei que não há risco de que a força da lei ajude a combater o mal onde o mal mora.