O que a própria tropa temia, aconteceu: o coronel Wilson da Silva, comandante do Policiamento da Capital foi exorado do posto pelo Comandante Geral do PM, coronel Paulo Amorim (quem assina a portaria é o sub-comandante Gerônimo Carlos do Nascimento), depois da publicação de matéria aqui neste blog.
Na última sexta-feira, nós postamos o texto “Em cima da eleição, PM muda o comando em 33 municípios - 29 governados pela oposição”, cujo texto republico em seguida.
A denúncia chegou ao blog através de oficiais indignados com a medida, nitidamente, foi ficando claro, com objetivos nada institucionais.
Eu liguei, logo após receber a informação, para o coronel Wilson, à frente do CPI. Ele me atendeu com muita gentileza, e com rara sinceridade afirmou:
- Isso não se justifica.
Na sequência, ele relacionou as razões da sua posição (leia abaixo).
O coronel Wilson Silvai foi agora para a “geladeira”, como é chamado o cargo administrativo para o qual foi designado na PM. Ele será substituído pelo coronel Elmano Omena.
Na última quarta-feira à noite, o comando-geral da Polícia Militar (Coronel Paulo Amorim) determinou a mudança do comando da instituição em 33 municípios.
Aparentemente, tudo dentro da normalidade – mas parece não ser. Essas mudanças ocorrem a cada eleição, mas com uma antecedência de algumas semanas antes do pleito.
E não é só isso.
Nada menos do que 29 dos 33 municípios em que o GPM vai mudar durante o período de votação são governados por partidos de oposição.
A imensa maioria, do PP e do PTB.
Apenas quatro prefeituras são comandadas pelo MDB (veja abaixo a relação dos 33 municípios com o respectivo partido a que cada prefeito é filiado).
- Essa mudança não se justifica.
A frase, incisiva, foi dita por telefone ao blog pelo coronel Wilson da Silva (ontem às 17h38), responsável pelo Comando do Policiamento do Interior:
- Eu recebi com surpresa na noite de ontem (quarta-feira) essa determinação do comando, já com a relação das mudanças que deveriam ser efetuadas. Não participei dela. Não havia necessidade de fazê-las, já que a Polícia Militar hoje é uma polícia de Estado, e não de governo. Os governos passam e a instituição fica, cada vez mais profissionalizada.
O oficial explicou que hoje os militares que atuam nos municípios do interior “não precisam mais da ajuda dos prefeitos. Eles recebem a alimentação da própria PM, assim como o seu pagamento. Não há mais a dependência material, e eu confio na tropa.”
Sereno, mas com voz firme, o comandante do CPI respondeu assim à indagação do blog sobre a origem dessa orientação:
- O senhor sabe que o comando da PM é um cargo de indicação política. E sabe também quem indicou.
Uma rara manifestação de sinceridade - em defesa, assim me parece, da tropa e da instituição.
(De fato, a questão já parecia fazer parte do passado de Alagoas, mas a interferência política no caso é evidente - um grande retrocesso.)
Atualizo:
O coronel Paulo Amorim foi indicado ao cargo de comandante-geral pelo deputado Marcelo Victor, o que até o chão do quartel sabe. Ele foi Chefe do Gabinete Militar na Assembleia presidida pelo seu padrinho.
O coronel Elvandro Omena integrou o Gabinete Militar de Renan Filho. Diga-se de passagem, não se conhece uma interferência política na PM que valha registro durante o governo do agora senador eleito por Alagoas.
Ao que parece, os tempos estão mudando – e para pior.
O nosso passado nem tão recente nos faz ligar um sinal de alerta.
Essa mistura - polícia e políticos - não traz boas lembranças para os alagoanos, bem sabemos.