Tive a oportunidade de conversar com Ciro Gomes e entrevistá-lo em 2018, quando ele aparecia bem nas pesquisas para presidente.
Já então, o pedetista manifestava sua mágoa com o PT, que tirou o PSB da sua aliança eleitoral. O partido “socialista” poderia ajudar a viabilizar a sua candidatura.
Ele me contou, também, que chegou a propor aos petistas que formassem uma dobradinha, tendo Haddad como o seu vice – o que não foi aceito, por óbvio.
Há de se entender que algumas mágoas permanecem para toda a vida, inclusive na atividade política.
Acontece que hoje Ciro Gomes, que já não aspira chegar ao segundo turno da eleição presidencial, é um poço de rancor e vem se tornando um aliado inesperado da candidatura de Bolsonaro, ao atacar impiedosamente o ex-presidente Lula - e praticamente só ele.
Se, de fato, ele considera que o petista é quem deve ser combatido, que o diga sem meias-palavras, e assim escreverá o definitivo capítulo da sua biografia política.
Mas se não for o caso, que analise os exemplos de Alckmin e Marina Silva, esta última tendo sido triturada na campanha eleitoral de 2016, com um pacote de desonestidade e fake news (coincidentemente o marqueteiro de Ciro é o mesmo que foi de Dilma, naquela campanha - João Santana, um homem que não segue um código moral).
Ambos deixam claro que entenderam a importância do momento histórico e abriram mão da mágoa e do rancor, que lhes seria natural, para formar numa frente surpreendente e democrática.
Ao contrário, Ciro aponta que vai sumir do mapa político brasileiro envenenado pelo próprio ódio.