Arthur Lira, Renan Calheiros e as mulheres

05/08/2022 06:40 - Ricardo Mota
Por redação
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Se Jullyene Lins, ex-mulher de Arthur Lira, pretende fazer do mandato parlamentar, e ela será candidata, um canal de voz para denunciar a violência contra a mulher – de que ela foi vítima, como já tornou pública inúmeras o vezes – merece o aplauso da sociedade.

Fazer da dor motivo para lutar contra a injustiça é algo sempre grandioso.

Mas fico me perguntando se seria o senador Renan Calheiros o personagem mais adequado para apresentar como vitória pessoal a candidatura dela, Jullyene Lins, pelo MDB.

Os dois (Lira e Calheiros), assim me parece, se assemelham muito também no tratamento para com as mulheres. Pelo menos com algumas mulheres.

Lembrando, mais uma vez, o que já publicamos aqui neste espaço.

Calheiros, em fúria, publicou numa rede social – em 2019 - que o pai da senadora Simone Tebet, o ex-senador Ramez Tebet (morto em 2006), tivera um caso amoroso com uma jornalista que era próxima a ele, o senador alagoano, mas que virara sua inimiga por causa de uma crítica em Veja

Citou o nome da profissional de imprensa no seu texto iracundo, afirmando que ela o havia assediado:

“A (...) acha que sou arrogante. Não sou. Sou casado e por isso sempre fugi do seu assédio. Ora, seu marido era meu assessor, e preferi encorajar Geddel e Ramez, que chegou a colocar um membro mecânico para namorá-la. Não foi presunção. Foi fidelidade.”

Esta também é uma forma extrema de violência, rasteira, que, como a outra denunciada pela agora candidata a deputada estadual, deve ser repudiada com veemência por todos nós – venha de onde viver.

Este é um aprendizado do avanço civilizatório, a que não podemos desdenhar só porque a cultura do nosso ambiente valoriza a violência – de todos os tipos – contra a mulher. 

Isso não é moralismo, é obrigação moral.

Que todas as Jullyenes e mulheres agredidas e difamadas se manifestem publicamente e ponham no devido lugar os machões de ocasião em sua suprema covardia.

Para estes, deixo aqui uma citação de Dostoiévski, em O adolescente

“A ninguém é permitido falar com terceiros sobre suas relações com uma mulher.”

Muito menos fazer disso algo para se jactar entre os iguais. 

Que os homens aprendamos a ser homens.

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