DEZ MELHORES ÁLBUNS AO VIVO DE ROCK

16/07/2022 08:54 - Blog Roqueiro Mofado
Por Fernando Godoy

          Sem sombra de dúvidas um disco de estúdio proporciona um ambiente de excelência para gravação de um álbum, porém deixa muitas vezes de captar a emoção contida numa apresentação ao vivo.

       Por outro lado, diversos astros do rock não conseguem imprimir a mesma desenvoltura que ‘parecem’ dominar num disco de estúdio e todos os recursos disponíveis aos verdadeiros mágicos que se transformaram os produtores, que não raras vezes são disputados à tapa pelos empresários dos artistas que desejam promover seus pupilos a qualquer custo.

         Ao vivo, só é bom quem é bom mesmo e ainda assim muitos não conseguem passar a energia nos palcos. Mas, vamos ao que interessa, eleger os 10 melhores álbuns ao vivo de todos os tempos. Já de antemão, reconheço a dificuldade em escolher apenas dez, assim como já me atrevi a fazer os dez melhores discos de estúdio em outro post.

Vamos a lista.

1 – If You Want a Blood You’ve Got it (1978) – AC/DC – Como já dava para perceber, quando escrevi o texto Crônicas de um Roqueiro Mofado (quem quiser dá uma conferida, vai lá no Blog é o primeiro texto), esse disco ao vivo é perfeito, pois captura toda energia da banda ao vivo e reúne um setlist fantástico da banda, como Riff Raff, Hell ain’t a bad place to be, The Jack, Let there be Rock e a excepcional e mais marcante (ao menos para mim) canção do ACDC, Whole lotta Rosie. Excepcional disco do início ao fim e registra o entrosamento e a força da banda ao vivo.

2 – Made in Japan (1971) – Deep Purple – Registro da formação clássica da banda em seu ápice, com Ian Gilan (vocal), Roger Glover (baixo), Ritchie Blackmore (guitarra), Ian Paice (bateria) e John Lord nos teclados, junta num álbum duplo tudo que estava em voga na época, músicas enormes, solos de guitarras, bateria e de vocal, sim isso mesmo! Ian Gilan duela com Blackmore em Strange kind of Woman. Apesar de não gostar muito de solos de bateria em discos ao vivo, há de se registrar que The Mule, não cansa. Mas o ponto alto para mim é a canção Child in Time, onde Ian Gilan dá um show nos vocais e evidencia a necessidade que se apresentou quando ele saiu da banda, em contratar dois vocalistas para substituí-lo (David Coverdale e Glen Hughes). E como não podia faltar há no disco o maior hit dos caras, Smoke on Water. Perfeito e marcante disco para mim. Só de estar falando sobre ele agora, chego a sentir o cheiro do álbum.

3 – Exit... Stage Left (1981) – Rush – Falar das apresentações do Rush ao vivo é até covardia, mas esse disco que foi o segundo álbum ao vivo duplo da banda, é simplesmente perfeito, pois exibe os caras fazendo o que sabem e desfilando inúmeras perfeições uma atrás da outra, como The Spirit of Radio, Red Barcheta, Tom Sawer, Xanandu,e as instrumentais maravilhosas, YYZ e La Villa Strangiato, cuja a condução das baquetas do saudoso Neil Peart é perfeita, se é que exista alguma que não seja. Mr. Geddy Lee, como sempre se virando entre teclado e baixo de forma magistral e Mr. Liferson mandando ver nas guitarras, com uma pedaleira para ninguém botar defeito. Discaço que até hoje escuto.

4 – World Wide Live (1985) – Scorpions – Sei que muitos colocariam Tokyo Tapes (1978) nesta lista, mas confesso que esse período do Scorpions, com a energia e simbiose deste registro ao vivo são insuperáveis e admito preferir a fase contemplada neste álbum (Lovedrive, Animal Magnetism, Blackout e Love at First Sting). O setlist é muito bem selecionado, só para ilustrar: Coming home, Blackout, Bad Boys Running Wild, Big City Nights, Holiday, Rock you like a Hurricane, The Zoo, No one Like you, Dynamite... Ufa! Muita música boa e uma atmosfera eletrizante do começo ao fim. Eles exalam rock’n’roll. A banda se supera ao vivo, poucas materializam isso nos palcos, não o Scorpions!

5 – The Eagle Has Landed (1982) – Saxon – Disco através do qual conheci a banda, não poderia impressionar mais. A energia dos caras está presente em cada canção do disco. Abre com Motorcycle Man que já dita o ritmo que permearia o disco. Princess of the Night (uma das melhores músicas pra mim), outra pancada, Heavy Metal Thunder; Wheels of Steel e sua perfeita harmonia entre o vocalista, Biff Byford e plateia. Gosto muito dos dois guitarristas, Paul Quinn e Graham Oliver e do baixista Steve Dawson, e marca ainda a estreia do bom batera Nigel Glocker. Uma energia contagiante pontua todo esse excelente trabalho ao vivo.

6 – Strangers in the Night (1979) – UFO – Registro ao vivo desta extraordinária banda inglesa, que por motivos que a própria razão desconhece não fizeram o sucesso merecido, durante a turnê do disco Obssession, contando com a formação clássica da banda. Phill Mogg nos vocais, o estiloso e inigualável irmão prodígio de Rudolf Schenker (guitarra base do Scorpions) Michael Schenker e Paul Raymond nas guitarras; o grande ídolo de Steve Harris no baixo, Pete Way e Andy Parker comandado as baquetas, fazem um show alucinante com vários clássicos presentes. Natural Thing, com um solo de arrepiar, Let it Roll, que consegue empolgar mais que a versão de estúdio, seu maior hit, Doctor Doctor, além das excepcionais, Ligths out , I’m Loser e Rock Bottom. Apesar de toda energia captada nesse disco, as coisas não iam bem com a banda, mas o álbum é épico e vale muito a pena conferir.

7 – Live and Dangerous (1978) – Thin Lizzy – Se o vocal excepcional do líder e baixista Phil Lynnott (que não é filho de brasileiro como muitos acham e sim de um cara da Guiana Inglesa com uma irlandesa, segundo a própria), impressiona nos estúdios, vocês não tem ideia do que é ele ao vivo, o grave de sua voz é ainda mais vigoroso e este álbum define muito a banda, pois faz um apanhado do que melhor fizeram (1974 - Nightlife até 1977 – Bad Reputation), com impressionantes 17 canções, onde a vontade que se tem é cantar e dançar do começo ao fim, músicas como Jailbreak, Rosalie, a dançante Dancing in the Moonlight, Cowboy Song, The Boys are Back in Town e tantas outras, confirmam esta sensação que o álbum transparece. Apesar de ter sido ‘consertado” no estúdio, como a maioria dos discos ao vivo, não lhe retira toda energia e voracidade da apresentação, se tornando um dos maiores discos ao vivo de todos os tempos desta fenomenal e injustiçada banda de rock’n’roll.

8 - Unleashed in the East (1979) – Judas Priest – Assim como aconteceu comigo em relação ao Saxon, conheci está maravilhosa banda, através deste primeiro disco ao vivo, que julgo excepcional, com direito ao Deus do Metal (Rob Halford) em sua melhor forma, entoando seus vocais em tons inimagináveis, com direito a diversos clássicos que me conquistaram de imediato, como, Exciter, Sinner, The Ripper, The Green Manalish (With the Two Pronged Crown), ótimo cover de Fleetwood Mac, Diamons and Rust (bela versão da canção de Joan Baez) e a fenomenal Victim of Changes. A competente dupla de guitarristas, KK Dowing e Glen Tipton se consagram; e a cozinha composta por Ian Hill no baixo e a estreia, então de Dave Holland, ex-Trapeze (banda muito boa por sinal) na bateria, se garantem. O disco é muito bom e faz jus a fama dos caras de serem bons ao vivo, sobretudo Halford e a dupla de guitarristas. Discaço!

9 – Alive II (1977) Kiss – Dez entre dez fãs teriam escolhido o Alive!, afinal além de muito bom ainda foi o responsável pelo início do sucesso dos mascarados. Perdoem-me os que discordam de mim, mas este disco é muito bom e trás a melhor fase dos caras, ao menos para este que vos escreve, aliás neste exato momento estou escutando a versão ao vivo do disco de Calling Dr Love, tremenda música. Além de diversas outras de inegável qualidade, como, Detroit Rock City, Ladies Room, Making Love, Love Gun, Christine Sixteen, Shock me, Hard Luck Woman, God Of Thunder, I Want You, Shout it Loud, etc. Dá para ficar melhor? Daria, se não fosse o fato de terem preenchido o lado B do disco 2 de vinil com músicas inéditas de estúdio, de gosto duvidoso. Apesar disso, e se encarar como 05 músicas bônus, dá para aceitar. Considero este disco maravilhoso e confesso que foi o primeiro ao vivo do Kiss que escutei e de pronto me conquistaram. O disco mescla canções dos excepcionais álbuns, Rock n Roll Over, Destroyer e Love Gun, captando toda energia e agressividade da banda.

10 – Live After Death (1985) – Iron Maiden – Sendo o segundo disco desta lista que comprei assim que lançaram o outro foi o do Scorpions, ressalto a importância e a repercussão que esse lançamento gerou na comunidade metálica, em razão de capturar os caras no auge da fama e se tratar de uma banda que além de ser primorosa ao vivo, caprichar na produção dos shows e confirmaram a expectativa. Gravado durante a interminável turnê do Powerslave, incluindo aí o Rock in Rio I (na turnê, porque o disco foi quase todo gravado em Long Beach) e com diversas músicas do álbum no setlist. E aqui aproveito para fazer uma errática referente ao texto dos 10 maiores discos, onde citei na ocasião, que a canção Aces High constava o discurso de Churchill, na realidade foi neste disco ao vivo que o referido discurso foi mixado na música e não no álbum de estúdio citado no texto. Obrigado ao Davis, amigo de todos aqui que percebeu a falha e nos comunicou. Valeu, Davis. Voltando ao disco, ele consegue capturar toda a energia e entrosamento que o Iron tinha à época. Músicas como Aces High, Powerslave, Rime of the Ancient Mariner, The Number of the Beast, The Trooper e Hallowed Be thy Name, superam as versões originais. Disco de Heavy Metal indispensável a qualquer headbanger que se preze, seja ou não fã da banda.

E aí? O que vocês acham? Muita coisa ficou de fora? Coloquei alguma heresia na lista? Comenta aí.

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