Sobre as “reuniões” de Santoro e Marcelo Victor citadas por Ricardo Mota. Ou: com quantas canetas se faz um Palácio?

07/07/2022 10:21 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Li no blog do competente jornalista Ricardo Mota uma informação que me fez refletir sobre com quantas canetas se faz um Palácio, uma vez que de direito temos apenas um capaz de assinar as decisões formais do Executivo: o governador Paulo Dantas (MDB), eleito de forma indireta depois da renúncia do ex-governador Renan Filho (MDB).

 

Destaca Ricardo Mota que o secretário da Fazenda, George Santoro, tem se reunido frequentemente com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Marcelo Victor (MDB). É óbvio, pelas linhas e entrelinhas, que são os rumos do Executivo que estão sendo discutidos, ainda que indiretamente...

 

Independente dos posicionamentos políticos de Santoro, que afloraram bastante nos últimos tempos, é inegável que se trata de um técnico competentíssimo e responsável por grande parte dos êxitos da antiga gestão de Renan Filho (MDB). Por isso, tornou-se o principal pilar da continuidade na atual gestão de Paulo Dantas. 

 

Porém, quanto mais Marcelo Victor e Renan Filho assumem – nos bastidores ou publicamente – o protagonismo de ações inerentes ao Executivo, mais deixam transparecer que o governo de Dantas sofre de uma dependência que impede que esqueçamos que ele é “tampão”.

 

Fica parecendo, ainda que não seja a verdade, que pode haver uma espécie de triunvirato que produz até fatos dignos do anedotário, como quando Renan Filho se escalou para fornecer o boletim médico do governador, informando, de forma um tanto quanto escatológica, a consistência dos excrementos do chefe do Executivo estadual.

 

Diante das chuvas, Renan Filho chegou até mesmo a tuitar informando que já havia acionado o governador Paulo Dantas. Era preciso?

 

Ora, Paulo Dantas tem conseguido – e as pesquisas até demonstram isso – consolidar sua identidade como governador. Os seus aliados tão apegados à influência que possuem sobre o Executivo deveriam compreender isso. Mas, no caso de Renan Filho, ele saiu do cargo de governador, mas parece que o cargo de governador não saiu dele. 

 

Esse amálgama que não perdoa nada, nem mesmo as intercorrências estomacais do governador atual, pode ser um prato cheio para os adversários. 

 

Em relação a Marcelo Victor, a sua presença é mais discreta. Afinal, no caso do presidente da Assembleia Legislativa, as duas pernas que sustentam o corpo de sua trajetória política são o bastidor e o fisiologismo. 

 

É nesse sentido que a informação trazida por Ricardo Mota é relevantíssima. Parabéns ao jornalista experiente que joga luz onde não querem que jogue. Ali, se tem perguntas no ar: o que conversam Santoro e Marcelo Victor? Há diretrizes nessa conversa que moldam políticas do Executivo sobre o qual o responsável é Paulo Dantas?

 

Como diz Ricardo Mota, “É através do secretário da Fazenda, mais até do que com Paulo Dantas, que Marcelo Victor acompanha o dia a dia do governo do Estado (ainda que sem intervir diretamente)”. E indiretamente, que influência é essa?

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