O clima entre o presidente da Assembleia Legislativa e a deputada Jó Pereira vai chegando a uma temperatura preocupante.
Na sessão de hoje, mais uma vez, Marcelo Victor não conseguiu esconder o seu incômodo e até certo nervosismo – engolindo a saliva seca com a língua entre os dentes e lábios – após a apresentação de mais um requerimento da parlamentar do PSDB, convocando os prefeitos da Região Metropolitana de Maceió para uma sessão na Casa (é o embate de R$ 1 bilhão da BRK).
Vai parecendo, cada vez mais, que a briga está engarrafada – destampou, já viu!
Marcelo Victor não está acostumado a ser contrariado pelos seus pares, só que isso vem acontecendo com frequência por Jó Pereira, hoje a mais contundente e preparada oposicionista da Casa.
O nível de irritação do presidente da Assembleia na sessão foi gritante. O deputado interrompeu Jó Pereira várias vezes, não a deixando concluir a sua fala:
“Faltou colocar no requerimento ‘governador-tampão’”, insistiu MV, deixando claro o que o incomoda e muito.
A parlamentar retrucou com uma frase dura:
- O senhor está intimidando uma mera deputada que está aqui exercendo seu mandato.
MV: “A senhora atenta contra o poder Legislativo”, por causa da referência ao ‘governador-tampão’.
Os embates políticos são normais, principalmente em períodos de eleição, quando há um inevitável confronto entre os lados em disputas.
Confesso que não via, há um bom tempo, o deputado Marcelo Victor numa reação tão aguda. Aliás, não foi isso que o levou a ser presidente da Assembleia Legislativa quase que por unanimidade. Só não teve o voto do ausente Olavo Calheiros.
O Marcelo Victor de hoje lembrou mais aquele que recebeu um funcionário da antiga Ceal na sua residência, em junho de 2009.
Eu imaginava que este personagem iracundo tivesse ficado para trás – e tomara que tenha ficado mesmo - e fosse apenas um arroubo de juventude.
Que MV respire fundo e aceite a máxima de Nelson Rodrigues:
- Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.
Estou certo que outros deputados também pensam sem seguir a unanimidade. Falar, aí já é outra história.