A grande sustentação do presidente Bolsonaro, no patamar que o mantém – no mínimo – estável, está numa parcela importante da classe média - nos seus vários níveis.

(A elite propriamente é mais pragmática: vai para o lado que a grana indicar.)

Basta ver o comportamento de uma categoria profissional bastante influente, na sociedade brasileira: os médicos.

Quem não se lembra das “guerras santas” de vários profissionais da medicina defendendo a cloroquina bolsonariana – ou até mesmo negando a vacina? 

Essa turma se mantém fidelizada ao presidente, é afinada ideologicamente com ele. Se de direita ou de extrema-direita é porque assim é uma parcela da sociedade brasileira. Nela estão, também, engenheiros, promotores, juízes, advogados e vários outros profissionais com formação superior, independentemente do que os mais politizados, por tradição ou formação, achem.

É nesse grupo que o presidente se sustenta e vai se posicionando nas pesquisas para que chegue ao segundo turno da eleição presidencial. Ganhar ou não, aí é outro papo (longe de ser impossível).

A massa popular, o povão, que recebe os auxílios financeiros do governo, age como sempre agiu – tem mais coerência no seu voto do que aqueles que vivem procurando um guia espiritual político, que venha lhes “restituir a glória”.

A pobreza pode ter, sim, alguma responsabilidade por isso; os pobres, não.

Não entender essa realidade é apenas apostar no preconceito, que cega indivíduos e grupos sociais.