Por mais que ainda haja muitas queixas quanto às ações da Braskem nas áreas atingidas pelo afundamento do solo em Maceió, os avanços alcançados pelo acordo entre a mineradora e os órgãos envolvidos nas negociações são inegáveis.
“Mas é preciso ir além daquilo que já é visível a todos. Há comunidades, como as que ainda permanecem no Flexal de Baixo e Flexal de Cima, que não têm mais condições de viver por lá, mas que não estão incluídas no acordo”, aponta o defensor público Ricardo Melro.
Amanhã, juntamente com integrantes da Defesa Civil de Maceió, ele se reúne com representantes das 450 famílias que continuam nessas áreas, que não correm risco de afundamento, de acordo com os estudos da CPRM, mas que tiveram a vida inviabilizada, objetivamente, em decorrência do esvaziamento socioeconômico da região.
Melro conta que a Defesa Civil elaborou um relatório extremamente detalhado e cuidadoso sobre a região mencionada em que apresenta o que chamou de ‘ilhamento socioeconômico’ dessas centenas de famílias:
- Mais de 40% dos equipamentos socioeconômicos disponíveis sumiram, com o despovoamento da região. Tem gente se mudando e pagando aluguel do próprio bolso, mesmo sem poder, porque não tem mais como viver e sobreviver ali.
Ele disse que semana ouviu o relato de uma senhora que faz tratamento de saúde na Santa Casa e que teve de se mudar porque o transporte que atende a área em que ela morava está cada vez mais precário: “Este ainda é um efeito invisível da crise que atingiu boa parte de Maceió”.
A Defensoria quer que essas comunidades sejam incluídas no acordo financeiro com a Braskem, imediatamente, “como uma forma de minorar o sofrimento de quem teve a vida devastada pela mineração do sal-gema na capital alagoana”.
No encontro de amanhã, o defensor Ricardo Melro e a Defesa Civil vão discutir com os moradores do Flexal de Baixo e Flexal de Cima o meio mais rápido para solucionar este grave problema.