CARUARU, A CAPITAL DO ROCK!

10/12/2021 08:00 - Blog Roqueiro Mofado
Por Fernando Godoy
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Havíamos combinado uma inusitada viagem à Caruaru para assistir ao show de uma das bandas de destaque dos anos 70 – Nazareth. Sim é isso mesmo! A capital do forró havia contratado para apresentação única a referida lenda do rock britânico (escocesa) de fama internacional.

A trupe que se animou para o evento era composta por mim, Betuca, Tadeu e meu irmão mais novo Alexandre, muito conhecido pela alcunha de Punhetinha.

O show estava marcado para o feriado de 15.11.12, uma quinta-feira – era o AGRESTE IN ROCK!, que contava com algumas atrações nacionais, dentre elas Devotos (antigo Devotos do Ódio). Partimos no mesmo dia de carro (ouvindo Nazareth no som durante a viagem, para pegar o ritmo), e voltamos na sexta. Na época, um brother da galera estava morando na cidade, tratava-se do chegado e amigo de infância, assim como os demais, “Atarxerxes”, apelido resenha dos tempos de Marista, do figura Antônio Bergson, muito conhecido ainda por “Berguinho”, um dos caras mais resenha que conheço. A diversão estava garantida.

Quando chegamos ao destino, de cara, tomei um susto, confesso que não imaginava que Caruaru tinha crescido tanto, fazia tempo que não visitava a cidade e fiquei impressionado com o desenvolvimento do município, possuía dois shoppings e vários prédios. Realmente, tinha quase tudo que uma cidade grande tem, sem os perigos e problemas que uma metrópole ostenta.

Nosso cicerone, como de costume, com sua habitual hospitalidade nos apresentou o lado roqueiro da capital do forró, o que também gerou surpresa na galera. Vários bares e lojas do gênero rock’n’roll haviam na cidade. Mostrou-nos o circuito ‘alternativo’ da cidade, que em nada fica devendo a cidade grande alguma, achei até que havia mais atmosfera rock’n’roll do que Maceió, ao menos à época. O show foi realizado em 2012.

Chegou, portanto, a hora do show. Aqui eu sou obrigado a admitir não ser um grande fã dos caras, apesar de reconhecer a relativa importância que tiveram no cenário do rock mundial, mas não deixava de ser uma oportunidade de vê-los ao vivo. Conhecia Love hurts, Hair of the dog, Dream on e algumas outras músicas.

O local da realização do espetáculo era um misto de “quermesse” com aqueles parques de diversões do interior. Entramos e podemos perceber que havia no máximo umas 200 pessoas, o que convenhamos, era totalmente decepcionante, sobretudo para a banda, haja vista estar acostumada, nos áureos tempos, a lotar o Madison Square Garden, em NY.

Iniciou o show e os caras até se esforçaram e faziam um show competente, apesar de parecerem estar deslocados do tempo e local. Sabe aquela sensação de que o tempo passou e os caras não se deram conta do que estavam fazendo ali? Era a impressão que dava. Mas a gente estava curtindo, vinham fazendo uma apresentação digna. Tenho certeza que à exceção de nosso amigo Tadeu (enciclopédia do rock) o restante estava voando acerca do setlist da galera. Tocaram Hair of the Dog, Love hurts e Dream on, por óbvio, e o show parecia caminhar para o enfado, quando de repente o vocalista – Dan Mccafferty, ídolo declarado de Axl Rose (aliás, há uma versão do Guns de Hair of the Dog, no disco The Spaghetti Incident?); começou a aparentemente passar mal, talvez pelo calor, foi ficando vermelho e suar mais do que tampa de chaleira, parecia com falta de ar, ante o esforço para a voz sair e as veias demonstravam querer saltar, quando a gente começou a nos olhar uns aos outros e alguém dizer: - Rapaz, esse caba vai morrer no palco! Meu irmão, era meio assustador, meio constrangedor, quando percebi de forma mórbida e pensei alto: - Bicho se esse cara morrer no palco a gente vai entrar para história do rock! Já tinha bolado até uma eventual entrevista, se fosse indagado acerca do acontecido, sairia com essa: - Uma pena que este ícone do rock tenha morrido, mas parece ter escolhido a ex-capital do forró e atual do rock, para conceder seu último espetáculo, coisa do destino...

Acordamos no dia seguinte, com uma ressaca até mais ou menos, tomamos café e partimos com mais de mil, com aquela sede, parecendo que tínhamos comido um fardo de charque salgado.

Resenhas à parte, se me perguntassem o que achei do show, não diria nem que foi ruim nem que foi bom, seguramente responderia que foi o mais esquisito que assisti até hoje. Surreal!


 

GODOY CARUARU

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