Uma turista maceioense de 33 anos, deu à luz a uma menina nesta terça-feira (5), no hospital São Lucas, em Fernando de Noronha. A pequena Lavígnia Dominique Pereira Heleodoro veio ao mundo em um parto de emergência após o rompimento da bolsa amniótica, na 32ª semana de gestação. A ilha mantém há anos uma proibição de partos. As moradoras locais devem deixar o arquipélago na 28ª de semanas de gestação, para parir no continente.
Os pais da pequena Lavígnia, o policial militar, Douglas Gustavo Heleodoro do Nascimento, 35 anos, e a fisioterapeuta, Larisssa Pereira, são naturais de Maceió e residem no bairro do Farol. Eles viajaram para Fernando de Noronha para curtir seis dias na ilha. Viagem que era o sonho de Larissa.
“A viagem era o sonho da minha esposa. Já tínhamos comprado passagem desde o ano passado. Quando ela soube da gravidez ficou animada e queria fazer um book fotográfico de barrigão”, relatou Douglas em entrevista ao CadaMinuto.
Douglas conta que ele e a esposa receberam autorização médica para viajar. Larissa estava na 32ª semana de gestação, tudo estava bem com o bebê e o parto estava previsto para acontecer daqui a dois meses. Apesar da proibição da ilha, o casal também foi autorizado a seguir a viagem, pois apresentaram todos os documentos que comprovavam que tudo estava certo.
“Nossa obstetra só liberou, mesmo nos aconselhando que não, após ver que a secretária de Noronha tinha liberado a nossa entrada, contanto que fosse com laudo de saúde da gravidez para chegada. O órgão público não viu problema por Larissa estar com 32 semanas, mas salientou que não daria autorização se ela tivesse entre 37 e 38 semanas de gestação”, explicou o militar.
Douglas e Larissa desembarcaram nessa segunda-feira (4) na ilha e não chegaram a realizar os passeios que programaram. A bolsa amniótica rompeu de madrugada, enquanto a fisioterapeuta dormia.
“Chegamos ontem (4), fizemos uma caminhada leve pela ilha apenas para pagar as taxas e conhecer rapidamente as redondezas, inclusive para saber onde comprar algo para comer ou que precisássemos. Estávamos no quarto da pousada, dormindo, e a bolsa estourou às 4h, no horário local”, relatou Douglas.
O policial militar conta que pediu um táxi e foi levado para o Hospital São Lucas, o único de média complexidade da ilha e que, segundo a Administração de Fernando de Noronha, não tem maternidade.
Conforme a certidão de nascimento, Lavígnia nasceu às 12h03 desta terça-feira (5), de parto normal, após seis horas de trabalho de parto. Ela é a primeira criança a nascer na ilha desde 2018.

“A sensação é maravilhosa! Não esperávamos que ela fosse nascer durante a viagem. Como a bolsa rompeu não havia como sair da ilha, não tinha voo e não poderíamos deixar o local para procurar outro hospital. Os planos de Deus foram ociosos", frisou Douglas.
Segundo o pai, mãe e filha estão bem. Por ter nascido de forma prematura, Lavínia está na incubadora e seu quadro é considerável estável.
Em nota, a direção do Hospital São Lucas, em Fernando de Noronha, disse que a visitante chegou à ilha na segunda-feira (4), com 32ª semanas de gestação e declarou ciência e consentimento de sua obstetra para a viagem. “ Após seis horas de trabalho de parto, foi finalizado o parto de uma menina, que apesar de prematura, está estável", diz o texto.
Mãe e recém-nascida aguardam remoção via UTI aérea para uma maternidade de referência no Recife.
Proibição e últimos partos
Segundo a Secretária de Saúde local, a não realização de partos em Fernando de Noronha foi estabelecida com o objetivo de garantir assistência qualificada às gestantes, incluindo a retaguarda de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Segundo o protocolo médico de pré-natal mulheres a partir da 28ª semana de gestação devem ir para o Recife.
A única maternidade que existia na ilha foi desativada em 2004, sob a justificativa de que o custo de manutenção da estrutura era alto demais para a média de 40 partos por ano realizados na ilha principal, a única habitada.
A proibição divide opiniões e moradores questionam o direito de ter seus filhos na ilha.
O último parto aconteceu em 2018, após 12 anos sem nascimentos em Noronha. Na época, a camareira Jamylla Gomes Ribeiro da Silva, 22 anos, não sabia que estava grávida e teve a pequena Ana Eloiza em casa.
Já em maio de 2020, a empresária Alyne Dias Luna, de 30 anos, foi levada pela polícia ao Aeroporto de Fernando de Noronha, após se negar a deixar a ilha para o parto. Ela alegou que tinha medo de pegar Covid-19 e queria ter no local. Alyne estava com 34ª semana de gravidez.