O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL) abriu processo administrativo disciplinar para apurar a conduta da sargento Stephany da Silva Domingos, após a divulgação de um vídeo em que ela aparece enaltecendo a vacina contra a Covid-19.
Ao CadaMinuto, Stephany conta que faz parte do CBM/AL há 15 anos e nunca havia sofrido nenhum tipo de punição por sempre manter um comportamento adequado. Caso o processo seja levado adiante e seja confirmada a transgressão disciplinar grave, ela pode ser presa e sujar a sua ficha da corporação.
“Isso pode influenciar diretamente em promoções futuras, ou seja, pode influenciar diretamente na minha carreira. Fora todas as questões emocionais e financeiras que isso está acarretando pra mim no momento”, explica.
A militar afirma que ficou muito triste, decepcionada com a situação e que não esperava por isso. “No vídeo que foi gravado sobre essa questão da vacina eu não faço alusão política, eu não faço alusão a partido, nem fala o nome de político, nem nada. A única coisa que eu falo é o ‘viva vacina’ no final do vídeo”, disse a sargento.
Ela afirma que gravou o vídeo “porque esse momento para mim era muito importante. Na verdade, o dia que eu tomei a vacina é um dia que eu nunca vou esquecer na minha vida, porque esse momento que a gente tá vivendo é um momento muito delicado né? Estamos vivendo uma pandemia que já matou mais de 500 mil pessoas e essa é a única coisa que pode acabar com isso tudo”.
A sargento declara que não foi avisada previamente e nem recebeu retorno algum da corporação após a abertura do processo. Ela ficou sabendo sobre o caso quando colegas lhe enviaram imagens da publicação no boletim da CBM/AL. “As pessoas que trabalham diretamente comigo estão me dando muita força nesse momento, porque tem sido um momento muito difícil para mim. Eu estou sem dormir direito, tendo crise de ansiedade”, destaca.
“Tem advogado para gastar dinheiro e me tirar da minha zona de conforto para me colocar numa posição que eu não precisava estar (...) eu fiz aquele vídeo e isso não é justificativa para que eu responda o processo”, complementa Stephany.
Em nota, o CBM/AL informou que o processo foi aberto após receber denúncias. “Mediante denúncias encaminhadas à corregedoria, o Corpo de Bombeiros não pode ser negligente ou omisso diante de qualquer fato e tem o dever legal de instituir apuração dos fatos denunciados. O que está sendo apurado diz respeito a conduta militar”.
Confira a nota na íntegra
O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, assim como todas as instituições militares, é pautado na hierarquia e disciplina. O regulamento militar é de conhecimento de todos que fazem a corporação. Mediante denúncias encaminharas a corregedoria, o corpo de bombeiros não pode ser negligente ou omisso diante de qualquer fato e tem o dever legal de instituir apuração dos fatos denunciados. O que está sendo apurado diz respeito a conduta militar.
“Como comandante, não faço juízo de valor sobre qualquer posicionamento da minha tropa. É meu dever solicitar que os casos que cheguem ao meu conhecimento passem por apuração, que não necessariamente vai resultar em punição. Não há juízo de valor, e todos os casos, seja de que lado for, são igualmente apurados. Repito: não se trata de punição ou juízo de valor, mas manter uma hierarquia da tropa para cumprimento de seu dever: ajudar a todos, sempre!”
Entenda o caso
O vídeo foi gravado no dia 19 de maio e mostra a militar vestindo uma camiseta com a inscrição “em terra de negacionismo, tomar vacina e enaltecer o SUS é um ato de revolução”, no momento da vacinação. A sargento também enaltece o SUS (Sistema Único de Saúde) com um quadro e com gestos e falas.

O processo administrativo foi aberto nesta segunda-feira (21) e foi assinado pelo comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel André Madeiro de Oliveira.
O vídeo teria sido gravado dentro do estabelecimento militar, o que seria considerado transgressão grave, pelo estatuto da instituição que diz que “discutir ou provocar discussões, por qualquer veículo de comunicação, sobre assuntos políticos, militares, ou policiais-militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, quando devidamente autorizados".
*estagiárias sob supervisão da editoria