Diante do elevado índice de contaminação por Covid-19 e do aumento das ocupações hospitalares em decorrência da doença, é discutida a possibilidade de uma terceira onda de coronavírus em todo Brasil. No entanto, especialistas indicam que isso não é uma realidade em Alagoas, pois ainda o Estado não ultrapassou a segunda onda.
O pesquisador e coordenador do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 (OAPPEC), Gabriel Soares Bádue, esclarece que ainda é cedo para falar sobre a existência de uma terceira onda, pois não saímos da segunda crise pandêmica no Estado.

Ele afirma que diferente do que ocorreu no segundo semestre do ano passado, quando houve, entre os meses de setembro e outubro, um cenário de controle por cerca de dez semanas, o mesmo não pode ser visto nos índices mais recentes.
“Desde que atingimos o pico desta segunda onda em relação ao número de casos e óbitos, nunca conseguimos observar evidências de controle da transmissão, que são indicadas pela queda simultânea de casos e óbitos por um período mínimo de 14 dias, acompanhada pela redução da ocupação das UTI [Unidade de Terapia Intensiva], que deveria ser inferior à 70%”, explica.
Em concordância, o infectologista Fernando Maia, admite que existe a possibilidade de ocorrer uma terceira onda, mas esta ainda não representa a realidade em Alagoas. “A gente não chegou a ter uma diminuição importante no número de casos dessa segunda onda. Houve a primeira no início do ano passado e lá para setembro ou outubro houve uma diminuição sustentável dos casos. Depois voltou a aumentar e, desde então, ainda não houve uma queda persistente”, esclarece.
“O número de casos indica que a doença ainda está em expansão, atingindo muitas pessoas e, consequentemente, casos graves e mortes ocorrem, infelizmente, porque a gente ainda está na segunda onda”, destaca o médico.
Com relação ao aumento das ocupações nos hospitais, Gabriel ressalta que as evidências disponíveis apontam para um descontrole da transmissão do novo coronavírus em Alagoas e, no ritmo atual, poderá ocorrer um esgotamento dos leitos de UTI nos próximos dias.
Segundo o pesquisador, isso pode ser considerado devido à estagnação da incidência de casos há cerca de sete semanas e à alta no número de casos suspeitos nas três últimas semanas. Além disso, “a ocupação hospitalar tem crescido, em particular os leitos de UTI, cuja ocupação superou os 90% nos dois principais municípios do estado no início desta semana”, declara.
Ele também acredita que esse crescimento é consequência do aumento da circulação de pessoas a partir das flexibilizações ocorridas nas últimas semanas, agravadas pelo desrespeito às regras ainda vigentes que têm como objetivo evitar aglomerações.
“Como as registradas na visita do presidente da república ao estado há cerca de doze dias, a resistência ao uso da máscara que é recorrente em diversos pontos do estado, entre os quais à orla de Maceió, e por fim, a ausência de uma política pública que possibilite às pessoas de se proteger”, complementa.
Já Fernando Maia considera que o novo crescimento da ocupação dos leitos está ocorrendo devido às novas variantes em circulação, que tem um potencial de atingir a população de forma mais grave e com maior taxa de transmissão.
*Estagiária sob a supervisão