Durante a pandemia o número de transplantes de órgãos e tecidos reduziu em 68% em Alagoas, revelou a Central de Transplantes. Segundo o levantamento, de janeiro a dezembro de 2020, foram realizadas 15 doações efetivas. Em 2021, foram quatro doações efetivas de córneas e uma de múltiplos órgãos.

O levantamento da Central aponta que foram realizados apenas oito transplantes de córneas no primeiro quadrimestre deste ano, contra 25 no mesmo período do ano passado, além de não haver transplantes de rins e coração nem em 2020 nem neste ano.

Os dados mostram que 465 pessoas estão na fila de espera no estado por doadores de órgãos. Conforme o levantamento, a maioria aguarda por transplante de córneas, com 331. Já os que estão no aguardo por transplante de rim são 129, de coração são três e fígado, dois.

De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, a pandemia tem reduzido o número de transplantes, já que a Covid-19 é contraindicação absoluta para quem quer doar.

“A maior dificuldade é conseguir fechar um diagnóstico de morte encefálica, que é a condição para se ter a doação de múltiplos órgãos, a família autorizar a doação, e esse doador ter RT-PCR para a Covid-19 negativo, porque a Covid é contraindicação absoluta”, diz.

Ela explica ainda que os transplantes mais realizados em Alagoas são os de córnea, dado que eles não dependem do diagnóstico de morte encefálica.

“No transplante de córnea o paciente vai a óbito e tem seis horas após o óbito para a família autorizar ou não a doação, levando em consideração os critérios de contraindicação”, pontua.

Daniela alerta também que o transplante de córnea foi um dos mais afetados durante a pandemia da Covid-19 por ser transplante com cirurgia eletiva.

“A gente teve essa redução nos transplantes de córnea porque as cirurgias eletivas foram suspeitas por vários momento e também por conta do grande índice de contaminação nos hospitais e ocupação”, finaliza.

Alagoas realiza primeiro transplante de fígado 

Seis horas de cirurgia marcaram o primeiro transplante de fígado realizado em Alagoas, na última na sexta-feira (14), na Santa Casa de Maceió. O procedimento está na lista das cirurgias mais complexas do mundo e necessita de uma equipe multidisciplinar bem treinada. A instituição alagoana é a única credenciada pelo Ministério da Saúde para esse tipo de intervenção cirúrgica no Estado.

Coordenado pelo médico Oscar Ferro, o grupo formado pelos cirurgiões Felipe Augusto Porto e Leonardo Wanderley Soutinho, e pelos anestesistas Cira Queiroz e Danillo Amaral, operou um paciente de 57 anos, vítima de cirrose, em decorrência de uma hepatite B. Até esta segunda-feira (17), o paciente tem evoluindo de forma satisfatória. “Exames mostram que o fígado implantado está funcionando plenamente. O paciente está se recuperando bem, conversando, e tem a perspectiva de sair da UTI em dois dias”, disse Ferro.

*Estagiária sob supervisão