Os senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Jorginho Mello (PL-SC) entraram no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a indicação de Renan Calheiros (MDB-AL) para ser relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 na noite dessa 3ª feira (27.abr.2021).

O colegiado foi instalado na 3ª e quer investigar ações e omissões do governo federal e o uso de recursos federais por governadores e prefeitos no combate à pandemia.

A informação foi confirmada pela assessoria de Marcos Rogério, que defendeu a tese de suspeição de Renan na reunião de instalação do colegiado, mas teve o pedido indeferido pelo recém-eleito presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

Jorginho Mello disse que só divulgará a íntegra do mandado de segurança quando houver decisão para “não dar armas” para adversários, que saberiam os argumentos usados no documento.

Ele declarou que aguarda uma decisão favorável até esta 5ª feira (29.abr). Seu pedido é o mesmo que fez durante a instalação da CPI, para que sejam afastados do colegiado senadores que tenham laços sanguíneos com pessoas cujos atos de combate à pandemia serão também escrutinados pela CPI. A ação atingiria Renan Calheiros e Jader Barbalho (MDB-PA), ambos pais de governadores.

O pedido visa retirar os senadores da comissão e diz que a Constituição e o regimento interno da Casa são claros ao dizer que há o dever de se manter a impessoalidade e de os congressistas se afastarem de análises em que possam ser imparciais.

Outro ponto destacado pelo texto é a antecipação de julgamento de fatos ligados ao combate à pandemia pelo senador Renan. Para isso, a acusação anexa fotos de textos em jornais, que mostram críticas à condução do governo federal.

O senador Eduardo Girão, que também é um dos autores do pedido ao Supremo, disse que caso irregularidades nas ações dos governadores do Pará e de Alagoas surjam deve haver movimento para blindá-los por seus pais e por isso deveria haver a mudança.

Fizeram uma jogada, um acordão e foi deliberado em relação à relatoria do senador Renan Calheiros. Então o conflito vai continuar, não tem como se fazer meio relatório”, declarou.

Senadores com mais proximidade do Planalto tentaram impedir a instalação da CPI nesta 3ª feira (27.abr). Foram indeferidos todos os pedidos para que a reunião fosse interrompida ou que os senadores que têm filhos como governadores, caso de Renan e de Jader, fossem declarados suspeitos.

Ainda assim, Marcos Rogério tentou argumentar que, apesar de Renan não ser suspeito por ser só pai de um governador, ele deveria ser impedido por já ter adiantado juízo de valor sobre a investigação em relação a Alagoas.

Antecipar juízo de valor sobre aquilo que vai se investigar acarreta suspeição. É preciso ter cautela! Se antes de investigar, um relator já declara o presidente genocida, que tipo de isenção tem para investigar? Os fatos devem falar mais alto do que as paixões políticas”, escreveu no Twitter.

O pedido irritou o presidente da CPI, que questionou: “Nós estamos há 2h30 aqui, 3 ou 4 senadores aqui querendo não instalar. Qual o medo da CPI? É o medo da CPI ou medo do senador Renan? Me diga você, é medo da CPI ou medo do senador Renan?”