Um novo estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) comprova que a Própolis Vermelha de Alagoas pode inibir o crescimento de células cancerígenas na boca. A universidade já realizou várias pesquisas sobre as diversas possibilidades de uso das propriedades medicinais da Própolis Vermelha de Alagoas, uma resina extraída da planta rabo-de-bugio, que é encontrada nos manguezais alagoanos.
O trabalho está sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa da Ufal Patologia Oral e Maxilofacial, desde 2019. O financiamento para a pesquisa está sendo garantido numa parceria que envolve os recursos direcionados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para o grupo de pesquisa da Ufal, a Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) e o programa de Mestrado do Centro Universitário (Cesmac), com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
A professora Camila Beder é doutora em Estomatopatologia e destaca a importância da pesquisa. “O foco principal é o uso da Própolis Vermelha de Alagoas para inibir o crescimento de células do carcinoma espinocelular de cavidade bucal, o câncer de boca mais comum. O carcinoma espinocelular de cavidade bucal representa 90% dos neoplasmas malignos da região da cabeça e pescoço. No Brasil, o Estado de Alagoas apresentou taxas de incidência por 100.000 habitantes, estimada para 2018, de 6,7 e 2,8 para homens e mulheres, respectivamente”, informou a pesquisadora.
Segundo Beder, o tratamento deste tipo de câncer ainda é um desafio, principalmente porque leva um tempo entre o fechamento do diagnóstico e o início do tratamento. “Além disso, os efeitos dos tratamentos antineoplásicos são devastadores para a mucosa bucal por conta de sua ação não seletiva sobre os ceratinócitos e células estromais tumorais e não tumorais. O objetivo deste projeto é criar e testar o gel enriquecido com extrato de Própolis Vermelha de Alagoas (Geprova) para uso antes e durante o tratamento antineoplásico de pacientes”, ressaltou.
Como evitar o câncer bucal e como tratar
A pesquisadora orienta que para evitar o câncer bucal as pessoas devem tomar alguns cuidados. “Manter uma boa alimentação, balanceada, livre de conservantes, fazer exercícios físicos e principalmente não fumar e não beber. Manter a higiene bucal em dia, visitando o dentista, de preferência de seis em seis meses. Quando da observação de qualquer ferida ou mancha que não cicatrize no período de 15 dias, deve-se procurar os profissionais da área da odontologia chamados Estomatologistas, que são encontrados em serviços privados e na rede pública”, alertou Camila.
Entre os locais onde esse tratamento pode ser encontrado estão o Bloco I do PAM Salgadinho e na Faculdade de Odontologia da Ufal (Foufal). “A Clínica da Ufal atualmente está com os atendimentos suspensos em função da pandemia de covid-19, mas, em breve, com algumas adequações do espaço, seremos agraciados com o retorno das atividades de atendimento odontológico gratuito ao público usuário”, informou a professora.
O paciente portador de carcinoma espinocelular será submetido a uma pequena cirurgia (biópsia) para análise por patologista bucal em laboratório. “Esse exame pode ser feito no Hospital Universitário [Professor Alberto Antunes] da Ufal e no Centro de Patologia de Maceió. São locais onde trabalho na prestação de serviço de assistência como patologista bucal, atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento pode ser cirúrgico isolado ou em associação com quimioterapia e radioterapia, e o paciente é encaminhado aos centros de oncologia localizados em Alagoas, um deles é o Cacon do HU”, finalizou a pesquisadora.
Os pesquisadores que integram o projeto são a professora Magna Moreira, do Programa de doutorado Renorbio da Ufal; a professora Camila Beder Panjwani, que atua em três instituições (Ufal, Cesmac, Uncisal); a professora Sonia Ferreira (Cesmac); Aldenir Feitosa (Cesmac e Uneal); o professor Ticiano Gomes (Ufal); e Carlos Arthur Almeida (Ufal). Além da ampla parceria de pesquisadores, o projeto envolve também a Empresa Fernão Velho, fundada e dirigida por Mário Calheiros de Lima, pioneiro na defesa das propriedades da Própolis Vermelha Alagoana.