Um boletim divulgado pelo Comitê Cientifico do Nordeste, finalizado na última sexta-feira (18) e divulgado nesta terça-feira (21), aponta que o crescimento no número de casos de Covid-19 se deu principalmente devido as aglomerações provocadas pelas eleições municipais e que Alagoas caminha para um quadro de risco pandêmico alto.

Segundo o documento, de julho a meados de setembro o estado apresentou um bom crescimento de casos diários, internações e óbitos, atingindo regiões de baixo risco epidêmico. No entanto, desde outubro o número de casos diários de Covid-19 em Alagoas vem crescendo.

O estudo afirma que a maioria dos estados do Nordeste estavam em queda, até o dia 11 de novembro, mas com o acontecimento das eleições o número de casos começou a subir.

“Certamente, caso não tivesse ocorrido o período eleitoral, este decaimento teria continuado e muito provavelmente a situação seria hoje bem mais confortável, com tendência de redução do número de casos e óbitos. O período eleitoral foi crucial para a volta da pandemia, pois todas as normas preconizadas pela OMC e até mesmo por Secretarias Estaduais de Saúde foram violadas através da realização de eventos que promoveram grandes aglomerações de pessoas”, afirma o boletim

Para o Comitê, o crescimento aponta para um provável início de segunda onda do novo coronavírus. Alagoas segue uma trajetória em direção ao risco pandêmico alto, semelhante ao que ocorreu na fase em que eles consideram primeira onda, mas com uma taxa de crescimento de casos menor.

Conforme o boletim, o número de reprodução entre os alagoanos se encontra em torno de 1,23 utilizando-se três métodos distintos de estimativa, indicando crescimento da transmissão da doença. “Na Região Metropolitana de Maceió, há um expressivo crescimento de casos e estabilidade de óbitos diários na última semana, enquanto no interior há crescimento leve de casos e decaimento nos óbitos. Nas últimas semanas, o número médio de leitos de UTI ocupados voltou a crescer depois de meses em decaimento, levantando preocupação com uma possível segunda onda de internações, apesar de a taxa de ocupação de hospitais públicos figurar ainda em 53% dos leitos de UTI”, diz trecho do estudo.

O Comitê também ressaltou que vários hospitais privados de Maceió anunciaram saturação de UTIs para pacientes com Covid-19 e que alguns chegaram a suspender cirurgias eletivas. “Há um descontrole na transmissão do novo coronavírus em Alagoas observado nas últimas semanas “, afirma o boletim.

O número de casos confirmados cresceu 35% nas últimas semanas. A avaliação do Comitê quanto a situação de Alagoas para o boletim foi finalizada no dia 11 de dezembro e previu que o estado atingiria a marca de 100 mil, número que foi ultrapassado no dia 16 de dezembro, quando foram confirmados 100.11 casos.

No relatório, o Comitê Científico solicita que os gestores apliquem medidas de segurança mais rígidas, pois teme que haja um descontrole e maior disseminação de vírus em Alagoas, assim como em outros estados do Nordeste.

Dentre as medidas recomendadas estão: vacinas e estratégias de vacinação; medidas de distanciamento social; renovação das medidas de proteção às equipes de saúde, testagem e rastreamento de casos; reabertura de leitos e hospitais de campanha; monitoramento da Covid-19 por meio da telemedicina e brigadas emergenciais de saúde; e medidas para dificultar a disseminação do vírus.

O boletim também salienta que Alagoas possui um número de óbitos em um nível estável e que a situação da quantidade de leitos é preocupante, devido ao avanço de ocupações.