Um dos principais desafios para o novo prefeito de Maceió se impõe como urgência inadiável desde o primeiro dia de gestão. A chamada tragédia do Pinheiro, que atinge ao todo quatro bairros e cerca de 20 mil pessoas, tem de ser enfrentada com firmeza pela prefeitura, tendo como prioridade absoluta o atendimento às famílias que perderam suas casas. Todos são obrigados a deixar para trás uma história de vida na parte da cidade que um dia escolheram para morar. Resta a dolorida memória de tudo, e o choque, e a revolta.
E o que o prefeito eleito deve fazer diante desse drama para tantos maceioenses? “Vamos montar um grupo permanente, um gabinete especial, exclusivo para trabalhar no caso do Pinheiro. Daremos todas as respostas a qualquer demanda que surgir. É um compromisso do qual não iremos descuidar um segundo sequer”, afirma em entrevista o candidato da coligação Maceió Mais Forte, Alfredo Gaspar (MDB).
Como ex-procurador-geral de Justiça, Gaspar conhece de perto o caso do Pinheiro. Na condição de chefe do Ministério Público, foi ele que primeiro convocou a Braskem a se explicar sobre a suspeita de que a indústria era a responsável pelos danos nos bairros. “Não perdemos tempo. Logo após as primeiras notícias sobre rachaduras em imóveis e fendas abertas nas ruas, estivemos na linha de frente para ajudar a população atingida”, ressalta o candidato.
A campanha eleitoral tem explorado o caso dos bairros afetados pelo afundamento do solo. Adversários de Alfredo Gaspar o acusam de ter agido em defesa da Braskem, fechando um acordo que atendia aos interesses da empresa. O candidato reage: “Taí um exemplo tragicamente perfeito de fake news. Foi o contrário; garantimos 2,7 bilhões de reais para pagar as indenizações. Muita gente já recebeu o que tinha direito”.
O candidato ressalta ainda o que chama de “parceria exemplar” no trabalho com o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública (estadual e da União) e o Poder
Judiciário. “As instituições atuaram em conjunto, unidas, sem outro objetivo que não fosse uma solução para o drama das famílias”, enfatiza Alfredo Gaspar. “É por isso também que é um equívoco atribuir o acordo a uma única pessoa. O que houve foi uma conquista coletiva, e eu dei minha contribuição, e me orgulho desse trabalho”, acrescenta em tom de desabafo.
Gaspar afirma ainda que, no MP, cumpriu plenamente a missão que a ele cabia. “Agora, no campo da boa política, teremos ainda mais força e outros meios para agilizar as soluções para o caso Pinheiro”, compara. “Todo aquele que foi vítima dessa tragédia será devidamente ressarcido. No que depender da prefeitura, eu garanto que nenhuma família ficará no desalento ou desamparada”.
Sendo eleito, Alfredo Gaspar diz que o município também vai processar a Braskem, para obter indenização pelos danos à cidade. E por fim, o candidato reafirma sua posição sobre a intenção da mineradora de explorar o solo no litoral norte da capital. “Zero! Nada! Comigo na prefeitura, a Braskem não avança um centímetro em exploração da nossa capital. Não tem conversa sobre isso”, garante o ex-chefe do MP que “virou a própria mesa”, deixou uma situação confortável e encara o maior desafio da vida, segundo ele mesmo: “Gosto de brigar pelo interesse coletivo. Por isso entrei na política, pela missão de servir à sociedade”.