Dizem que é por causa da pandemia do novo coronavirus. Para evitar aglomeração, além de outros problemas, as emissoras de TV não devem realizar debate – no primeiro turno – entre os candidatos a prefeito de Maceió. Pelo que se sabe até agora, a TV Ponta Verde, afiliada do SBT em Alagoas, não fará o encontro. A TV Pajuçara, afiliada da Record, também desistiu do programa. Ainda existe a janela aberta com a TV Gazeta, afiliada da Rede Globo, mas nada garante que a emissora apresente o debate.

É estranho. Tirando a questão da Covid-19, as empresas de comunicação da área televisiva parecem indispostas ao debate. A pandemia é uma boa desculpa para despistar das verdadeiras razões desse apagão jornalístico. Escrevemos “jornalístico” porque o evento mobiliza toda a imprensa, com repórteres, analistas e editores – e acaba chegando às manchetes. Uma pena que nada disso ocorra agora. Parece que fica faltando um detalhe nada menos que essencial. Mas...  

Um primeiro turno inteiro sem um debate sequer! Quando foi que isso aconteceu por aqui? Alguém lembra? Talvez em 1992. (Bora perguntar ao Marcelo Bastos, estudioso da política e de eleições, com um blog aqui no CM). Enquanto esperamos uma resposta precisa, restar protestar contra esse deserto de debates e debatedores.  

Além das TVs, decididas a não promover mesmo o embate, não há notícia de confronto direto entre os candidatos em nenhum outro ambiente, tipo faculdade, sindicato ou associação. Nas eleições do passado, havia debate na sede do Crea, na sede da OAB, no Sindicato dos Bancários, na Associação Comercial, no auditório da Ufal. Tudo isso acabou. O candidato fala sozinho, pra sua turma, na sua “zona de conforto”.

Não bastasse o Horário Eleitoral na TV bem diferente do que foi até agora, a ausência de debate entre os postulantes à cadeira de prefeito (ou prefeita) é, portanto, uma outra imensa novidade nestas eleições amalucadamente atípicas. O que ninguém sabe é como esses novos tempos, sobretudo marcados pela tragédia da pandemia, vão mexer com a cabeça, a vontade e o voto do eleitorado nacional, alagoano e maceioense.