Muitos ainda não entenderam - talvez porque não queiram, que o mote fundamental da prisão de Fabrício Queiroz foi a sua vinculação passada e atual com milicianos e a tentavia de interferir nas investigações.
Na autorização de prisão concedida pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, ele cita diretamente a perigosa influência de Queiroz junto a milicianos no Rio.
E ele não ficou preso no batalhão da PM porque foi descoberta uma caderneta com anotações sobre pessoas que poderiam ajudá-lo caso ficasse detido no batalhão prisional da PM.
Resumindo, a questão inicial da rachadinha e os repasses de ex-assessores para conta de Queiroz no valor de R$ 2.039.656,52 e saques na conta do investigado que totalizam quase R$ 3 milhões, além de transferências posteriores para o então deputado estadual Flávio Bolsonaro. é dinamite pura.
A outra, relação com milicianos, é explosão nuclear no clã familiar e, consequentemente, no governo federal.
É que há gravações no MP do Rio do advogado Luis Botto Maia, "ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), se comunicando com o miliciano Adriano da Nóbrega em dezembro do ano passado, quando o ex-policial militar já estava foragido" , para montagem de todo o esquema de enfrentamento das investigações, segundo reportagem da Folha.
O advogado Frederick Wassef, o mesmo que cedeu a casa em Atibaia onde Queiroz foi preso e que defende Flávio e o presidente Jair Bolsonaro, também participou de todo o esquema.
E tudo leva ao presidente Bolsonaro, o chefe da família, inclusive as investigações sobre fake news e financiamento e as apurações sobre movimentos antidemocracia. O faz tudo Wassef, milícia, rachadinha, gabinete do ódio, parlamentares, empresários e manifestantes golpistas, enfim, para um presidenciável que pegou carona na revolta geral da população com a classe política, ser envolvido com milícia e roubalheira não tem como não sofrer danos terríveis.
Há quem já fale numa tentativa de salvar o governo a partir da criação de um ministério de notáveis, com apoio do Congresso. Ideia foi usada na crise do governo Collor, em 1992, mas de nada adiantou.
A questão agora é que a situação do presidente está ficando insustentável. Outra saída que está sendo trabalhada passa pelo vice Hamilton Mourão, o que não desagradaria militares da ativa e da reserva.
Portanto, Bolsonaro é um caso perdido. Os militares não vão aceitar qualquer possibilidade de serem responsáveis pela proteção de milicianos nem de sujeitos envolvidos com corrupção.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos da queda do bolsonarismo.