No Brasil do racismo estrutural o cabelo de pret@s é tema sempre recorrente.
Carapinha,cabelo de tuim,cabelo de bombril, palha de aço era o peso pejorativo que carregávamos, em épocas outras, por nascer pret@, no país colonizado por branc@s.
Ainda carregamos?
E todo esse imaginário social colonizador, depreciativo e segregador fez brotar em nós, mulheres pretas, sentimentos de baixa auto-estima.
E a química nos cabelos era uma forma do olhar eurocêntrico imperar domar, controlar,ocupar territórios pretos, que percebiam como feios.
Era/é, o tal do racismo estrutural assinando o ponto de presença.
E, nós pretas, interiorizamos o medo de destoar, do ser diferente, e daí , para adotar o espichamento estratégico das madeixas foi um passo , como forma de ter a aceitação social. Ter cabelos alisados nos deixava "menos pretas", "mais bonitas".
E ,diante do cenário atual discurssivo sobre vidas pretas e racismo estrutural, o blog perguntou a três mulheres pretas: Por que você alisava seu cabelo?
A soteropolitana,Lidia Rafaela Santos, mulher preta, neta de Maria da Luz e Lídia Maria, socioeducadora, em Direitos Humanos, Cultura, Economia Plural e Finanças Solidárias, fala:.
"Minha mãe sempre alisava o meu cabelo e o cabelo da minha irmã, ela acreditava que iria nos livrar ou amenizar o preconceito. Quando decidimos aceitar nosso cabelo natural, eu em 2013 , deixei o cabelo grande até 2018 quando resolvi fazer um um corte e raspar a região da nuca e as laterais (foto do perfil do insta). Minha mãe novamente ficou com medo, pois alem de sofreer preconceito por ser negra, poderiam me confundir com uma mulher homossexual. Depois de muita insistência, nesse 2020 tenho deixado o cabelo crescer natural, novamente. Minha irmã deixou de usar quimica e alisar o cabelo desde 2017, revezam entre o uso de tranças e o cabelo natural que ela aprendeu a amar. Nossa sobrinha de 10 anos ja aprendeu a amar o cabelo dela e conseguiu influenciar a mãe dela a assumir o cabelo natural. Enfim as pequenas revoluções estão em curso".
Ieda Raquel, uma jovem mulher de Belém do Pará, confessa sua inabilidde em lidar com o racismo sintetizada em uma frase: "Não sabia lidar com cabelo crespo."
E, para fechar o bloco ouvimos a alagoana,Angeline Izabel, atualmente morando em Coimbra,Portugal. É ela quem conta que a a supervisora da escola onde estudava, em Maceió, incentivou-a a alisar o cabelo,dizendo que ficaria mais bonita ( uma reprodução clássica do racismo estrutural), mas, Angeline refutou a ideia: " "Nunca gostei de alisar, mas fui chamada de Maria Betânia,como se isso fosse ofensivo."
E você preta, por que alisa/alisava seu cabelo?
Crédito da Foto: Coisas de Preta