Dizem que cão que muito late não morde. 

Contam que quem grita alto quer intimidar. 

Falam que quem parece mais forte quer assustar.

Acreditam que quem ameaça quer impor medo.

Essa estratégia dá certo algumas vezeso, mas não é regra, não é garantia de vitória - embora muita gente faça uso dela, especialmente na política - porque há aqueles que não se acovardam nem se intimidam pois cumprem o seu papel com naturalidade e coragem.

Dito isso, lembro do nosso imitador 'trumpiano', chefe maior do governo 'barata voa', o impressionante presidente Jair Bolsonaro. Com um pouquinho de atenção dá pra preceber quantas frases e palavras de Donald Trump ele copia, cola e usa.

Disse ele, nesta segunda-feira (15), que a  decisão de impedir a posse do delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal - após denúncia do ex-minsitro Sérgio Moro sobre a intenção do presidente de interferir por interesse particular na PF - foi "mais uma brutal interferência do STF no Executivo, não podemos concordar com isso".

A palavra 'brutal', caro leitor, é constantemete usada pelo presidente americano para ameaçar um país, para intimidar os chinese, iranianos, russos, venezuelanos, entre outros, em questões políticas, comerciais, militares para propagar o poderio norte-americano.

"Não quero dar soco na mesa e afrontar ninguém, mas peço que não afronte o Poder Executivo. Não queremos medir força com ninguém. Nós queremos administrar e conduzir o Brasil a um porto seguro. Afinal de contas, têm muitas incertezas no ar", disse Bolsonaro.

E continuou atacando o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF que apura a produção de fake news e ofensas contra magistrados da Corte: “É um inquérito que serve para o interesse apenas dele. Ele é vítima, ele interroga, ele julga e ele condena. Isso não é justo, no meu entender, porque está à margem da legislação brasileira. Isso é um foco de atrito. Até busca e apreensão foram realizadas na casa de 29 simpatizantes meus, nenhum da oposição. Isso não soa muito bem no Estado democrático de direito. Isso, obviamente, é um foco de atrito que o Supremo tem que superar.”

Jair Bolsonaro também afirmou, referindo-se ao julgamento no TSE da chapa dele e do vice Hamilton Mourão  que as Forças Armadas não aceitarão “um julgamento político para destituir um presidente democraticamente eleito. Nós, militares das Forças Armadas, e eu também sou militar, somos os verdadeiros responsáveis pela democracia em nosso país.

Expôs ainda que “Nós jamais cumpriríamos ordens absurdas, mas também jamais aceitaríamos um julgamento político para destituir um presidente democraticamente eleito”.

Por ver e ouvir tantas declarações fora de contexto, recheadas de ignorância jurídica, política, científica e administrativa - além de de teorias conspiratórias estapafúrdias para justificar um governo com resultados medíócres - sem falar de suspeitas firmes de práticas ilegais na eleição de 2018 e no envolvimento com grupos que pratica atos antidemocráticos, por tudo isso arrisco dizer que se fosse uma luta de boxe o presidente está encostado nas cordas sendo esmurrado.

Por isso ele grita, ameaça, tenta intimidar, amedrontar.

Mas não adianta. A lei é para todos, tem que ser para todos. Ninguém pode estar acima da lei, seja quem for. Essa é uma das bases para o fortalecimento da democracia e para a evolução da nossa sociedade.

Bem, e enquanto um e uns ladram a PF deflagrou nesta terça (16) a Operação Lume. Estão sendo cumpridos 21 mandados de busca e apreensão em cinco Estados e no Distrito Federal no âmbito do inquérito sobre a organização e o financiamento de atos antidemocráticos. 

Entre os alvos estão deputados, blogueiros, empresários, advogados, publicitários, todos ligados ao bolsonarismo. O pedido das diligências foi feito pela Procuradoria-Geral da República ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
 

EM TEMPO - "A Constituição sou eu, porra! O chefe Supremo das Forças Armadas, sou eu, tá oquei?" Ainda bem que a Constituição não é um indivíduo, um poder. O chefe supremo das forçar armadas tem os limites definidos pela Constituição, assim como os chefes dos outros poderes.