Levantamento realizado pelo Instituto da Democracia, entre os dias  30 de maio e 5 de junho, com 1.000 pessoas, revela uma tendência de queda no apoio a um golpe militar, assim como as Forças Armadas e igrejas, pilares dos simpatizantes extremistas do presidente Jair Bolsonaro. 

Tema principal da campanha de 2018 e que associa a defesa de um golpe ao temor em relação à criminalidade, é um indicador fundamental. "Naquele ano, 55,3% dos pesquisados entendiam que um golpe militar “seria justificável” numa situação de muito crime. Um ano depois, o indicador já havia recuado para 40,3%. Agora, baixou para 25,3%, menos da metade da taxa de 2018. De cada dez brasileiros, sete dizem “não” a essa hipótese", diz reportagem do Valor.

Pesquisa ainda detectou perda de imagem positiva dos militares. "O sentimento de confiança aos militares caiu sete pontos desde 2018, de 33,9% para 27%. Mais preponderante agora é a taxa que reflete certa desconfiança em relação aos militares. Os que dizem confiar “mais ou menos” na instituição são a nova maioria, 33,8%".

A presença dos militares em cargos no governo Bolsonaro é mal vista: "58,9% dizem que não ajuda a democracia; 30,1% não veem problema".

O desgaste também começa a atingir fortemente as igrejas. "A confiança incondicional (taxa dos que dizem confiar muito) recuou de 35,2% para 29,7% desde 2018".

Por outro lado, algumas intituições esboçam recuperação, caso dos que dizem não confiar no Congresso, que caiu de 56,3% para 37,2% em dois anos.

Últimos colocados em qualquer pesquisa, até os partidos apresentam números melhores. "O contingente dos que não confiam recuou de 76,9% para 66,9% no mesmo período. Os que dizem confiar “um pouco” subiram de 12,3% para 20,5%.

Segundo análise de Leonardo Avritzer, cientísta político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos coordenadores do estudo, “O eleitorado começa a se afastar dos temas mais clássicos do bolsonarismo”. O brasileiro tinha muita confiança nas Forças Armadas e nas igrejas. Já não tem mais tanto assim. A confiança não desabou, mas há sinais de deslocamento.”

Para ele, parte desse fenômeno pode ter a ver com o covid-19, ou seja, com a necessidade de as pessoas apoiarem as instituições.

Exemplo disso  pode ser percebido com relação ao Judiciário, cuja rejeição caiu quase pela metade: se em 2018 cresceu de 33,9% para 38,2% em 2019, agora está em 21%.

EM TEMPO: O Instituto da Democracia é formado por grupos de pesquisas de quatro instituições principais: UFMG, Iesp/Uerj, Unicamp e UnB. Participam outras cinco instituições nacionais (USP, UFPR, UFPE, Unama e IPEA) e duas estrangeiras (CES/UC e UBA). 

Leia aqui reportagem na íntegra.