A semana não parece nada boa para o presidente Jair Bolsonaro. A ideia de escamotear os dados de contágios e mortos deu com os burros n'água após forte reação da sociedade civil, OAB, imprensa, MPs, OMS, universidades americanas, do Papa, além da reação jurídica do STF determinando que o levantamento permanecesse da mesma forma.

O que ele não sabia nem havia percebido é que a manipulação dos dados implicaria facilmente  e claramente em crime de responsabilidade - no que foi alertado posteriormente -, por cauda de uma pandemia letal que atinge o mundo. Foi por isso que recuou, o que é bem comum em seu comportamento e humor cíclicos.

Com o desgaste crescente dada a sua gestão 'barata voa' e a intolerância a qualquer questionamento, nesta quarta-feira (10) praticamente botou pra correr uma simpatizante, que estava entre os apoiadores que o aguardaam na porta do Palácio da Alvorada, porque ela lhe cobrou sensibilidade sobre o número de mortos no Brasil pela pandemia do coronavírus.

O que irritou Bolsonaro foi o seguinte questionamento: "Nós temos hoje 38 mil famílias com mortos por causa da Covid-19. Não são 38 mil de estatística, são 38 mil pessoas que morreram, 38 mil famílias que estão chorando. Eu fiz campanha para o senhor, acho até que me conhece. Eu sinto que o senhor traiu nossa população”, disse a mulher.

“Se você quiser falar, sai daqui, já foi ouvido. Cobre do seu governador. Sai daqui”, reagiu Bolsonaro, enquanto a conversa era transmitida por apoiadores, segundo reportagem do Metrópoles (leia aqui e veja o vídeo aqui).

Outro questionamento que deixou não apenas o governo irritado, mas principlamente o militarizado Ministério da Saúde, foi feita por um repórter da Rádio Nacional, da Empresa Brasileira de Comunicação. Ele enviou via WhattsApp, o que tem sido a prática nesse período, a seguinte pergunta, na semana passada: 

"Quais critérios estão sendo usados para ocupação dos cargos comissionados no Ministério da Saúde? Militares e empresários sem nenhuma experiência em saúde pública terão condições de combater a maior pandemia dos últimos 100 anos?".

A EBC afastou o profissional da cobertura que ele fazia rotineiramente no órgão e o Ministério não respondeu a pergunta.