Uma família de Maceió, cliente do Home Care do plano de saúde Unimed e com paciente acamado há mais de 2 anos com tumor em estado avançado, vive um drama à espera há dias por atendimento por parte do plano, sem respostas objetivas. Morador da Jatiúca, o aposentado Eufrázio Pinto Torres está com sintomas fortes de Covid-19 como febre e dores no corpo. Sua esposa, a servidora pública Suzana Lucas Barbosa Higino, reclama da falta de sensibilidade, apoio e agilidade do atendimento da operadora de saúde.
O quadro de saúde de Eufrázio Pinto Torres é muito delicado. Além do tumor – na hipófise, tendo já passado por sessões de radioterapia – Eufrázio é diabético, hipertenso, tem Mal de Alzheimer e também é portador de retocolite, doença intestinal inflamatória e crônica que provoca inflamação no trato digestivo, e diverticulite. Vivendo sob cuidados intensos em sua casa, o paciente agora também está sentindo os efeitos do contágio pelo novo coronavírus.
“O plano dele tem Home Care. Desde sábado imploramos por atendimento à Unimed. E é sempre a mesma resposta de que está em análise o pedido. Sempre a mesma ladainha. Não temos como levá-lo ao hospital, porque moramos somente eu e ele em casa e ele não anda, porque está acamado há 2 anos. Hoje uma médica veio aqui, finalmente, passou 5 minutos, não prescreveu nada e foi embora. Não temos como ficar sem atendimento da Unimed. Um plano tão caro e este descaso. Parece que a Unimed não quer atender, não quer cumprir com suas obrigações”, reclama Suzana Lucas Barbosa Higino.
Mas o pior é que sem ter como remover o paciente até o hospital, e diante do contágio com Covid-19, a esposa do paciente também se infectou com coronavírus. “Não posso sair de casa, estou contaminada, com sintomas fortes de Covid. O Home Care demorou dias para nos atender, em um atendimento que deveria ser imediato. Um absurdo, uma vergonha. A médica finalmente veio hoje, e nada fez. Ele só piora, e eu também. Preciso levá-lo ao hospital, com urgência, mas sem o apoio do plano e do Home Care não tenho como” diz a servidora pública.
Após a visita relâmpago da profissional de saúde da Unimed na manhã de terça-feira (2), que nada prescreveu para o paciente, houve uma piora de Eufrázio Pinto. “A febre só aumenta. Do jeito que vai, temo por ele vir a óbito em casa, sem atendimento médico, por mais que seja direito dele como titular do plano de saúde. Como Home Care da Unimed não atendeu nossa demanda, liguei para o SOS do plano. Preciso internar o Eufrázio. Mas para minha surpresa, o SOS afirmou não poder nos socorrer porque o Home Care já havia nos ‘atendido’! Descaso total. Estamos abandonados pela Unimed” reitera Suzana Lucas.
Como mensalidade, o aposentado Eufrázio Pinto Torres paga quase R$ 1.300,00 por mês à Unimed. Em seu site, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) ressalta “que os planos devem prestar e cobrir o atendimento necessário para os pacientes com a Covid-19. Ainda não há tratamento específico para a doença, mas os esquemas de tratamento atualmente disponíveis devem ser oferecidos. Os exames de diagnóstico também devem ser cobertos, pois foram incluídos na Rol de Procedimentos obrigatórios” da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Através de nota, encaminhada à reportagem, a Unimed esclareceu que, “Em relação ao atendimento prestado ao beneficiário Eufrázio Pinto Torres, esclarecemos que o Sr. Eufrázio é assistido pelo Serviço de Atenção Domiciliar da Unimed Maceió desde 16 de maio de 2018, devido, inicialmente, a um diagnóstico de tumor de hipófise e que, desde então, vem sendo acompanhado sistematicamente por equipe multiprofissional em atendimento as suas necessidades biopsicossociais. No dia 20 de março de 2020, o Serviço recebeu uma mensagem via WhatsApp da esposa do referido beneficiário, solicitando a suspensão das consultas eletivas. No último sábado, dia 30 de maio de 2020, a mesma pessoa entrou em contato com a médica assistente do Serviço, para comunicar que o paciente estava apresentando sintomas gripais e solicitando a realização do exame para Covid”.
O hospital afirmou também que “Na última segunda-feira (dia 1º), uma equipe da Unimed foi colher o exame na residência do Sr. Eufrázio. Ontem (02 de junho de 2020), a médica assistente da Atenção Domiciliar realizou uma visita e identificou que o paciente se encontrava eupneico (respirando normalmente), afebril, não apresentando tosse durante o exame físico, estando orientado, não apresentando esforço respiratório. Foram solicitados novos exames laboratoriais e prescrito antibiótico. Na ocasião, a esposa do paciente solicitou internação hospitalar, sendo esclarecida que o paciente não apresentava quadro de instabilidade que justificasse essa medida. Ressaltamos que a equipe de referência não recebeu nenhuma outra solicitação a respeito do beneficiário e que foram adotadas todas as medidas indicadas diante do quadro apresentado. Considerando que a esposa estava com sintomas, recebeu também orientação médica, embora não seja assistida pelo Serviço. Reiteramos o compromisso da Unimed Maceió, por meio do Serviço de Atenção Domiciliar, de garantir assistência integral e de qualidade, em estreita integração da equipe multiprofissional e família/cuidador”, concluiu o hospital.