- Nascido e criado no Sertão, não lembro de ter passado tanto tempo - cinco meses - sem voltar pra casa. Peguei o carro e segui pra Mata Grande, no alto Sertão de Alagoas. Segui as normas de distanciamento social, não desci do carro.
- Apenas em Canapi e em Mata Grande - entre todos os municípios pelos quais passei, fui parado para a medição da minha temperatura. Acompanhados por guardas municipais, funcionaríos das prefeituras usavam termómetro infravermelho.
- Muita gente nas ruas, filas imensas em bancos, o comércio funciona normalmente. Contudo, as máscaras são agora ítem importante do novo vestuário, suadas por quase todos os transeuntes.
- Uma grande preocupação na região é quanto a chegada em carros particulares, ônibus e vans de centenas de pessoas que viviam em São Paulo, principalmente, e no Rio. Retornam por falta de empregos e por medo do coronavírus.
- O Sertão está verde, muito verde, muitíssimo bem chovido. Açudes de todos os tamanhos estão cheios. Certeza de uma boa safra de milho, feijão, por exemplo. Contudo, há uma gravíssima crise sanitária e econômica.
- A maioria do povo se importa e sofre com a crise sanitária causada pelo coronavírus. Uma pequena parte sofre com uma boa qualidade de vida, assistindo filme e séries em TVs por assinatura, pedindo comida por aplicativo.
- Muitos brasileiros vivem tempos de medo e de necessidade. Medo de ser contaminado, necessidade de se expor porque precisa garantir a comida no dia seguinte. Portanto, o medo é companheiro constante da necessidade nesses tempos de pandemia
- Estudo da IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado, diz que o auxílio emergencial para trabalhadores informais, que já é direcionado a 50 milhões de pessoas, pode chegar a 112 milhões, mais da metade da população brasileira.
- Há quem acredite que a hora de Jair Bolsoanro ainda vai chegar e que poderemso ter no Brasil - e também em outros países, caso dos EUA -, fortes cataclismos políticos. Foi dele o discurso de "gripezinha", defendeu tratamentos não comprovados, ideias sobre curas absurdas, foi incapaz de liderar e orientar os estados contra a pandemia.
- Nem na sua bancada no Congresso, tampouco entre os apoiadores nas redes sociais, o acordo entre o presidente Jair Bolsonaro e o Centrão repercute. O silêncio praticamente impera.
- A alegação comum é desconhecimento, fake news e dúvidas sobre o objetivo do presidente. Mas não há como negar que a nomeação de Fernando Leão como diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas é uma baita aproximação.
- Aguardemos as próximas indicações.
Será o retorno do antigo e conhecido "toma lá, dá cá"?