Menos de um dia depois que o incapaz presidente brasileiro apoiou presencialmente manifestantes de extrema direita em mais um ato de ameaça à Constituição brasileira, diversas reações surgiram, algumas bem interessantes e representativas por virem de quem viveu dentro do atual governo e também entende o funcionamento e o pensamento das Forças Armadas.

Ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, o general Santos Cruz usou a sua rede social para afirmar o seguinte:

 "O Exército é instituição do Estado. Não participa das disputas de rotina. Democracia se faz com disputas civilizadas, equilíbrio de Poderes e aperfeiçoamento das instituições. O EB (@exercitooficial) tem prestígio porque é exemplar, honrado e um dos pilares da democracia.
— General Santos Cruz (@GenSantosCruz) April 20, 2020"

Mas não adianta o bom senso de um general diante de um presidente desocupado que alimenta uma minoria ruidosa e histérica de extrema direita que rotineiramente e repetidamente agride a democracia.

"E isso tudo em meio à maior crise sanitária do século, que, para muitos generais, deveria levar à união nacional, tudo o que Bolsonaro não sabe e não quer fazer", analisa o repórter especial Marcelo Godoy, do O Estado de S. Paulo.

Especialista nas relações entre o mundo civil e o militar, Godoy avalia que "os militares erram ao tentar minmizar a gravidade do ato do presidente Jair Bolsonaro entre "seu povo" em frente ao quartel do comando do Exército", neste domingo (19), em Brasília.

Leia aqui na íntegra e abaixo trechos do artigo de Marcelo Godoy:

- Trata-se umas poucas centenas de radicais, muitos dos quais parentes de policiais e de militares que acompanham o presidente desde a época dos panelaços em frente aos quartéis de Brasília nos anos 1990.

-  (Bolsonaro) discursou para a turba que pedia um golpe de Estado, para que o presidente se livrasse da Constituição de 1988, aquela que foi feita quando o general Leônidas Pires Gonçalves era o ministro do Exército, o mesmo Leônidas que submetera o presidente ao conselho de honra que condenou o capitão Bolsonaro - depois absolvido pelo Superior Tribunal Militar.

- oficiais do Exército começaram a reagir à presença do presidente em manifestação que pedia a nomeação de Bolsonaro como ditador. Alguns generais, apesar de reprovarem a presença do presidente no ato, quiseram lembrar que o mandatário não ameaçou ninguém em seu discurso e até falou em defesa da democracia. 

- E isso tudo em meio à maior crise sanitária do século, que, para muitos generais, deveria levar à união nacional, tudo o que Bolsonaro não sabe e não quer fazer. 

-  O silêncio de Pujol (atual comandante do Exército, Edson Pujol) seria, segundo os generais, mais uma prova de que o Exército quer distância de confusão. O problema é que a causa da confusão é o próprio presidente e comandante em chefe das Forças Armadas.