Influente general da reserva, Eduardo Villas Bôas é revelador em entrevista concedida ao Estadão sobre o presidente Jair Bolsonaro, com quem se encontrou no início desta semana em Brasília.
Apesar de governar feito um desocupado, gastar tempo demais na internet, divulgar mentiras e de ser um contumaz criador de crises, o ex-comandante do Exército mais uma vez apoiou publicamente o presidente.
Contudo, fez ponderações e expôs algumas análises curiosas. Como exemplo, o fato de o presidente acreditar que todos são contrários a ele, especialmente os meios de comunicação.
Também afirmou que o presidente não perdeu apoio na área militar, e disse ainda estar preocupado com os protestos: "Particularmente me preocupo com os panelaços. Pode significar perda de apoio. Isso psicologicamente é negativo...podem demonstrar uma perda de apoio, embora estejam concentrados nos grandes centros".
Abaixo alguns trechos da entrevista:
O presidente agiu errado em falar que o coronavírus é uma gripezinha?
Ele disse isso, naquele momento, para tentar tranquilizar o País. Mas não é uma gripezinha.
O presidente está precisando de apoio neste momento?
Eu acho que o problema para ele é que está todo mundo contra ele. A mídia, principalmente. Nacional e internacional.
Panelaços mostram que ele perdeu apoio?
Particularmente me preocupo com os panelaços. Pode significar perda de apoio. Isso psicologicamente é negativo.A atuação dele na pandemia compromete uma reeleição?
Está muito cedo para falar de reeleição. Mas panelaços podem demonstrar uma perda de apoio, embora estejam concentrados nos grandes centros.
A decisão do presidente de não endossar o discurso do Ministério da Saúde pró quarentena vai custar caro a ele?
Acho que essa percepção é temporária. Eu acho que ao final, ele vai sair por cima.
Há uma tutela branca no presidente Bolsonaro pelos ministros mais próximos agora, como Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo?
Ninguém tutela o presidente.
Como avalia a guerra entre governadores e o presidente?Cada um tem de fazer a sua parte e não tem de ficar polemizando. A virtude sempre está no meio. Mas tem havido muito oportunismo político. Não quero nominar. Estou falando em geral.
Depois da pandemia, qual a postura que o presidente tem de adotar em relação aos outros Poderes?
Conciliação. Precisamos buscar harmonia.
Leia aqui a entrevista na íntegra concedida à jornalista Tânia Monteiro do jornal O Estado de S.Paulo.