Ele não governa, ou melhor, o presidente Jair Bolsanaro governa o Brasil a partir de uma lógica de internet, estrategicamente inflando os apoiadores nas redes sociais.

Como diz o cientista político Miguel Lago - mestre em Administração Pública e diretor executivo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), "A disputa do Bolsonaro é narrativa. Está sempre jogando com os seguidores dele. Precisa fidelizar essa base, da qual depende todo o sucesso dele no governo".

Pegando um exemplo atualíssimo, "Há método no modo como o presidente ataca governadores, a imprensa e as recomendações do próprio Ministério da Saúde".

E esse "fenômeno tecnopolítico" chamado Jair Bolsonaro segue uma cartilha vinda dos Estados Unidos, da extrema direita representada pelo presidente Donald Trump.

Foi só o americano dar a senha em defesa do isolamento vertical para o brasileiro seguir a boiada e tanger a dele formada por empresários aliados e seguidores nas redes sociais. Houve uma reação dos bolsonaristas a favor das ideias do presidente e um ataque maciço contra quem, de forma crítica, pensava o contrário.

Seguidores - os de sempre, mas que andavam quietos - ressurgiram contestando posicionamentos, negaram dados científicos e fizeram ataques e acusações aos chineses, a jornalistas, a políticos, e a pessoas comuns.

O conteúdo das mensagens de contestação tinham (têm) forma, ideia e discursos semelhantes, como originárias de uma mesma mente, uma forma única, apesar de difundidas por pessoas diferentes.

Mas o fato concreto é que Jair Bolsonaro não governa, há um vácuo de poder porque não tem postura de líder da nação, já que atua dirigido nas redes sociais com o objetivo de dividir o país. 

E o coronavírus, uma "gripezinha, um resfriadozinho", aposta de narrativa de Bolsonaro, pode destruir o próprio falso "mito".